Chineses de olho na licença bancária na Europa
EX PA NSÃO Com pouco mais de uma década ( criada em 2004), o Anbang tem centrado o seu negócio na área seguradora. No entanto, foi o imobiliário que puxou para a ribalta depois de, no ano passado, ter comprado o emblemático Waldorf Astoria Hotel, em Nova Iorque.
No início deste ano, anunciou a aquisição da seguradora holandesa Vivat, num negócio de 1,1 mil milhões de dólares ( cerca de 984 milhões de euros). Agora é Portugal que aparece no radar com o interesse no Novo Banco. Nesta operação, a capacidade financeira é apontada como um dos pontos fortes.
Contra o Anbang tem o facto de ser “um grupo desconhecido, que não está cotado e pouco se sabe sobre a sua real capacidade financeira, uma vez que não tem qualquer investimento no mercado português”, adiantou um analista do setor ao Dinheiro Vivo. “O interesse dos chineses poderá estar em adquirir uma licença bancária na Europa”, acrescentou um outro analista.
Já fonte próxima do processo explicou ao Dinheiro Vivo que o “Anbang acredita que uma instituição financeira significativa pode ter um papel importante no futuro e desenvolvimento sustentável na economia portuguesa.” O dono da Fosun está na mira das autoridades chinesas por uma alegada troca de favores. Guo Guangchang é suspeito de ter vendido, em 2003, duas casas abaixo do preço de mercado a Wang Zongnan, antigo gestor de uma distribuidora alimentar da China e que foi condenado a 18 anos de prisão por desvio de dinheiro.
Wang Zongnan, “após a assinatura de uma parceria [ em 2000] entre a Fosun e a Shanghai Friendship Group [ liderada por Zongnan], terá aproveitado a sua posição para conceder benefícios” à empresa dona da seguradora Fidelidade, de acordo com a agência local Xinhua. Situação que terá ocorrido depois de a empresa responsável pelas propriedades da Fosun ter vendido duas casas na cidade de Xangai por 2,1 milhões de yuan ( cerca de 300 mil euros) aos pais de Wang Zongnan. A operação terá sido realizada 2,7 milhões de yuan abaixo do valor de mercado em 2003.
As casas acabaram por ser revendidas em 2010 e 2013 por 14,8 milhões de yuan, adiantaram ontem o Financial Times e o The Wall Street Journal. Fonte oficial da Fosun, contactada pelo Dinheiro Vivo, justifica que “o desconto na venda das casas estava dentro da margem oferecida na altura aos promotores imobiliários tendo em conta o contexto de crise económica”.
A dona da Fidelidade, que detém a Luz Saúde ( antiga Espírito Santo Saúde), acrescenta no mesmo documento que “nunca recebeu quaisquer benefícios ilegais da parceria com a Shanghai Friendship Group, nem recebeu benefícios de Wang Zongnan”. A Fosun, além disso, está a “apoiar os esforços do governo local no combate à corrupção”, completa a mesma fonte.
Zongnan foi condenado na terça- feira a 18 anos de prisão pelo desvio de 195 milhões de yuan entre 2001 e 2006 quando trabalhava numa unidade da Shanghai Friendship Group, que controla algumas O conglomerado chinês Fosun tem protagonizado diversos investimentos em Portugal no último ano e meio. Venceu a privatização da Caixa Seguros no início de 2014, ultrapassando o fundo norte- americano Apollo. A compra da Fidelidade, onde detém uma posição que ronda os 85%, foi a porta de entrada no mercado nacional.
Os chineses, utilizando a Fidelidade, venceram o grupo José de Mello e os mexicanos da Angeles pela Espírito Santo Saúde ( atual Luz Saúde), ao terem apresentado a proposta mais alta na oferta pública de aquisição que decorreu na segunda metade do ano passado. Também através da seguradora tem uma participação qualificada de 5,3% na REN. A Fosun esteve ainda entre os três candidatos finais à compra do Novo Banco, a instituição que ficou com os ativos bons do antigo BES ( ver t exto ao lado).
Guo Guangchang considerou Portugal como “o melhor país da Europa para invest i r”, num encontro com j ornalistas em Xangai, em junho. O grupo estará ainda a ponderar mais investimentos na área da comunicação social, vinhos, turismo e lazer.
O turismo e o lazer têm mesmo sido as outras grandes apostas do conglomerado chinês no mercado internacional. Entrou no capital da agência de viagens da Thomas Cook, utilizando outra vez a Fidelidade. Comprou ainda uma participação de 25% no Cirque du Soleil, num âmbito de uma parceria com a companhia circense. “Queremos acompanhar o crescimento da classe média chinesa e contribuir para a sua felicidade. Os chineses trabalham muito mas também precisam de aproveitar mais a vida”, justificou o presidente da Fosun.
Guo Guangchang é considerado o 19. º homem mais rico da China, com uma fortuna avaliada em sete mil milhões de dólares ( 6,35 mil milhões de euros), segundo o ranking da revista Forbes. Guo Guangchang está entre os 25 homens mais ricos da China,
segundo a Forbes
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