Diário de Notícias

Jeb Bush culpa Hillary Clinton pela ascensão do Estado Islâmico

Candidato à nomeação republican­a diz que a saída “à pressa” dos EUA do Iraque levou ao cresciment­o do grupo terrorista e optou por não mencionar legado familiar no país

- S USANA S A LVA DOR

O apelido Bush estará para sempre ligado à história do Iraque. Em 1991, o então presidente dos EUA George H. W. Bush liderou a coligação que invadiu o país em resposta à anexação do Koweit. E 12 anos depois, foi a vez de o filho George W. Bush lançar nova invasão, com base no argumento ( que se revelaria falso) de que o regime tinha armas de destruição maciça. Mas o nome de nenhum deles foi mencionado no discurso sobre política externa de Jeb Bush ( filho do primeiro e irmão do segundo). O candidato à nomeação republican­a para a Casa Branca optou por culpar o presidente Barack Obama e a ex- secretária de Estado Hillary Clinton ( eventual adversária democrata) pela situação no Iraque e pela ascensão do Estado Islâmico.

“Estavam tão ansiosos por entrar para a história, que falharam na promoção da paz”, afirmou Jeb Bush na Biblioteca e Museu Presidenci­al Ronald Reagan, argumentan­do que a decisão de retirar as tropas do Iraque foi tomada “à pressa”. “Correr para longe do perigo pode ser tão imprudente como correr para o perigo, e os custos têm sido enormes”, acrescento­u, esquecendo- se de referir que foi o irmão George W. Bush quem assinou em 2008 o acordo que previa a retirada dos soldados norte- americanos do Iraque até 2011.

O republican­o defendeu que o aumento das forças dos EUA no país em 2007 trouxe estabilida­de, que teria continuado caso Obama tivesse negociado a manutenção de uma força residual no Iraque. “Onde estava a secretária de Estado durante tudo isto?”, questionou, lembrando que Clinton só viajou uma vez para o Iraque nessa altura. Na sua opinião, o Estado Islâmico “cresceu quando os EUA se afastaram do Médio Oriente e ignoraram a ameaça”.

Bush indicou então quais são os seus planos na “guerra ao terror”, recuperand­o a expressão usada pelo irmão após os atentados do 11 de Setembro. Primeiro, aumentar o número de tropas dos EUA no Iraque ( são hoje 3500) – que atuariam junto às forças iraquianas em vez de apenas as treinarem. Depois, apoiar os curdos ( que combatem o Estado Islâmico) e cooperar com os aliados regionais para declarar uma zona de exclusão aérea na Síria.

Segundo o candidato republican­o, essa medida ajudaria não apenas na luta contra o grupo terrorista sunita mas também a proteger os sí-

Bush fez discurso sobre política externa na Biblioteca e Museu Presidenci­al Ronald Reagan rios do presidente Bachar Al- Assad. “Derrotar o Estado Islâmico requer derrotar Assad, mas temos de garantir que o seu regime não é substituíd­o por algo igualmente mau ou pior”, referiu, indicando que procuraria “juntar os moderados e apoiá- los como uma força única”. Cessar- fogo na Síria O exército e os rebeldes sírios concordara­m numa trégua de 48 horas em duas frentes de batalha, num acordo mediado entre Turquia ( que apoia os rebeldes) e o Irão ( que apoia Assad). É o primeiro sinal de que pode ser possível um acordo de paz, que permita concentrar os esforços na luta contra o Estado Islâmico. O chefe da diplomacia iraniana era esperado ontem em Damasco para as negociaçõe­s de paz, nas quais o futuro do presidente sírio continua a ser um obstáculo.

Por seu lado, no Egito, um grupo aliado do Estado Islâmico publicou uma imagem que mostra uma cabeça decapitada, em cima de um cadáver. E disse tratar- se de um refém croata, que tinha ameaçado matar na semana passada. Tomislav Salopek, funcionári­o de uma petrolífer­a, foi raptado a 22 de julho. As autoridade­s ainda não confirmara­m a autenticid­ade da foto.

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