3 acusações contra Assange prescrevem até dia 18
Fundador do site que divulgou telegramas diplomáticos dos EUA foi acusado de abusos sexuais e de violação na Suécia
Três das quatro acusações de cariz sexual que pendem sobre o fundador da WikiLeaks na Suécia prescrevem até dia 18, confirmou ao jornal britânico The Times o gabinete da procuradoria sueca. Julian Assange passou os últimos três anos fechado na Embaixada do Equador em Londres para evitar a extradição de território britânico para as mãos da justiça sueca, alegando que poderia ser posteriormente enviado para os EUA e condenado a prisão perpétua. Em causa estão os 250 mil telegramas diplomáticos secretos norte- americanos que aquele site divulgou através da internet.
Alvo de um mandado de captura europeu, Assange, de 44 anos, foi acusado por duas mulheres suecas por factos que remontam a 2010. As acusações feitas pela primeira, uma de coação sexual e duas de abusos, prescrevem até dia 18, pois expira o prazo de cinco anos que está previsto na legislação sueca. A acusação da violação feita pela segunda só prescreve em 2020, uma vez que o prazo para esse crime é de dez anos. O australiano, ex- jornalista, rejeita as acusações e considera que está a ser alvo de perseguição por causa das revelações que têm vindo a ser feitas pela WikiLeaks, destapando por exemplo casos de espionagem de grandes países sobre outros, como EUA, Alemanha ou França.
Numa reação à notícia, a advogada da mulher que fez as acusações que agora irão prescrever disse àquele jornal britânico que a sua cliente tem neste momento um “sentimento de injustiça”. Claes Borgström afirmou: “Na altura, claro que queria que Julian Assange fosse presente a um tribunal para responder pelas acusações, mas depois o tempo passou. Agora ela tem tentado levar a sua vida normalmente, não quer voltar a isto, lembrar- se de tudo outra vez.”
Apesar da prescrição daquelas acusações, o facto de a quarta se manter significa que o impasse continuará e que o ex- pirata informático permanecerá confinado à Embaixada do Equador. Um porta- voz da WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, considerou, ao The Times, que “é absolutamente ridículo” manter a acusação de violação aberta. “É óbvio que as autoridades suecas esperaram todos estes anos. Ele não tem de limpar o seu nome. Ele tem pedido para ser interrogado em Londres durante cinco anos – ele pediu que isto avançasse. Chegou a altura de acabar com isto, de ver também este caso arquivado.”
Numa altura em que o policiamento da Embaixada do Equador em Londres, em Knightsbridge, já custou 12 milhões de libras ( cerca de 16 milhões de euros), a missão do país que concedeu asilo ao fundador da WikiLeaks fez saber na segunda- feira em comunicado: “Em nenhuma ocasião nenhum representante do Reino da Suécia se apresentou na embaixada por causa do assunto Assange.” Porém, segundo noticiou na terça- feira o jornal britânico The Guardian, o governo da Suécia terá manifestado a sua disponibilidade para negociar um acordo com o Equador que permita aos procuradores suecos interrogar Assange no interior da embaixada equatoriana em Londres.