Quatro dias de música, praia e surf? É só dar um salto ao Sol da Caparica
Entre hoje e domingo um cartaz dominado pela música portuguesa na Costa de Caparica. O alojamento local está esgotado
Tudo a postos. Os portões do parque urbano da Costa de Caparica abrem hoje para quatro dias de música em português. Os Resistência, Camané e UHF vão subir ao palco neste primeiro dia, mas desde o início da semana que as emoções vão fervilhando na Costa à boleia da segunda edição do festival O Sol da Caparica. A falta de quartos para alugar na cidade é um dos principais sintomas do fenómeno. Os hotéis mais próximos com vaga só em Lisboa. Os bares e restaurantes reforçaram os stocks para evitar surpresas como as do ano passado.
A resposta obtida pelo DN foi igual em todos os hotéis e pensões da Caparica: “Já não há vagas até domingo”, dia em que termina o festival, estando a maioria das reservas para o fim de semana marcadas a partir desta quinta- feira, coincidindo com a abertura dos espetáculos, que juntam 40 horas de música e mais 30 nomes da lusofonia. “Entre pessoas que vêm para se divertir e as outras que vêm para trabalhar no festival esgotámos a capacidade hoteleira da cidade”, resumiu o gerente de um dos maiores hotéis da Costa.
Os próprios parques de campismo também já estão cheios e nem os particulares têm quartos para alugar. Cristina S., dona de várias casas que aluga junto à frente de praia, não hesita em atribuir esta procura ao festival: “É normal termos muita gente nesta altura do ano, mas neste verão há muitas mais pessoas que pediram vaga propositadamente para estes quatro dias”, revela, enquanto no bar onde Francisco Pina trabalha, junto ao parque urbano, a gerência assume que já se preparou para o “embate” que se adivinha. “No ano passado não estávamos precavidos e ficámos sem bebidas frescas numa hora. Tivemos de fechar a porta nos dois primeiros dias.” À espera de 65 mil Sinais de otimismo para a organização que ambiciona superar as 65 mil visitas do ano passado, segundo o diretor artístico, António Miguel Guimarães, e que anima, ainda mais, Pedro Aires Magalhães, que já nesta noite volta a reunir os Resistência para apresentar o novo álbum Horizonte, ao lado de cantores como Tim e Olavo Bilac.
“Uma coisa destas é tão entusiasmante ao fim de 20 anos. Vamos ter o nosso ambiente, com as pessoas que ouvem a nossa música. A expectativa é muito elevada”, confessou ao DN o compositor, recordando os anos a fio em que se bateu por um festival só de música portuguesa. “Finalmente, ele aí está. Há algum tempo o que se fazia por cá era visto como sendo de segundo plano. Este festival também traduz uma mudança de mentalidade”, congratula- se.
Antes dos Resistência vai cantar- se o fado, logo pelas 20.00, com Camané a prometer “surpresas” com o Atlântico ali ao lado. Já esteve no recinto e fala de um cenário “sublime” para esta noite. “Trazer o fado a um festival de verão que já teve sucesso no ano passado, só por si, é uma coisa fantástica. Revela que acabou o preconceito em relação ao fado, que vem ganhando espaço em Portugal”, resume.
Já António Manuel Ribeiro, vocalista dos UHF, que também vai estar na abertura do festival, defende que O Sol na Caparica vem pôr fim às dúvidas sobre a capacidade da música portuguesa em alimentar quatro dias de espetáculo. “Este festival resume aquilo que nós fazemos durante o ano. Andamos pelo país e pelo estrangeiro com salas cheias e agora este festival vai juntar tudo nestes dias”, sublinha.
O músico anuncia ainda um best of da banda para mais logo. “O último disco foi gravado ao vivo, em novembro de 2014, entre o Centro Cultural de Belém e a Casa da Música, pelo que, como só vamos ter originais em 2016, iremos levar o nosso melhor à Caparica” justifica o compositor, que “joga” em casa, tal como outros nomes que vão passar pelo festival, com ligações ao concelho de Almada.
Além dos artistas portugueses, o cartaz exibe nomes da lusofonia, com passagem por Brasil, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, sempre na procura das “boas ondas”, justifica o diretor artístico, para quem no parque urbano haverá lugar para que todos possam “beber um copo, apreciar uma atuação, descansar nas zonas loun- ge e garantir a primeira surfada ou saída de kite ou windsurf”.
Isto porque no recinto vai haver uma praça com várias entidades ligadas ao surf, que irão desenvolver atividades com o público, ao skate, com um halfpipe, e também à arte urbana, através da pintura de um mural no recinto. Também o cinema marca presença com a exibição de curtas- metragens nos ecrãs de ambos os palcos.
Até domingo, um cartaz recheado com vista para o mar. As portas abrem às 16.00 e a música chega e prolonga- se noite fora. Previsões de bom tempo para a Caparica.
Restauração reforçou stock para dar resposta aos festivaleiros