Diário de Notícias

Quatro dias de música, praia e surf? É só dar um salto ao Sol da Caparica

Entre hoje e domingo um cartaz dominado pela música portuguesa na Costa de Caparica. O alojamento local está esgotado

- ROBERTO DORES

Tudo a postos. Os portões do parque urbano da Costa de Caparica abrem hoje para quatro dias de música em português. Os Resistênci­a, Camané e UHF vão subir ao palco neste primeiro dia, mas desde o início da semana que as emoções vão fervilhand­o na Costa à boleia da segunda edição do festival O Sol da Caparica. A falta de quartos para alugar na cidade é um dos principais sintomas do fenómeno. Os hotéis mais próximos com vaga só em Lisboa. Os bares e restaurant­es reforçaram os stocks para evitar surpresas como as do ano passado.

A resposta obtida pelo DN foi igual em todos os hotéis e pensões da Caparica: “Já não há vagas até domingo”, dia em que termina o festival, estando a maioria das reservas para o fim de semana marcadas a partir desta quinta- feira, coincidind­o com a abertura dos espetáculo­s, que juntam 40 horas de música e mais 30 nomes da lusofonia. “Entre pessoas que vêm para se divertir e as outras que vêm para trabalhar no festival esgotámos a capacidade hoteleira da cidade”, resumiu o gerente de um dos maiores hotéis da Costa.

Os próprios parques de campismo também já estão cheios e nem os particular­es têm quartos para alugar. Cristina S., dona de várias casas que aluga junto à frente de praia, não hesita em atribuir esta procura ao festival: “É normal termos muita gente nesta altura do ano, mas neste verão há muitas mais pessoas que pediram vaga propositad­amente para estes quatro dias”, revela, enquanto no bar onde Francisco Pina trabalha, junto ao parque urbano, a gerência assume que já se preparou para o “embate” que se adivinha. “No ano passado não estávamos precavidos e ficámos sem bebidas frescas numa hora. Tivemos de fechar a porta nos dois primeiros dias.” À espera de 65 mil Sinais de otimismo para a organizaçã­o que ambiciona superar as 65 mil visitas do ano passado, segundo o diretor artístico, António Miguel Guimarães, e que anima, ainda mais, Pedro Aires Magalhães, que já nesta noite volta a reunir os Resistênci­a para apresentar o novo álbum Horizonte, ao lado de cantores como Tim e Olavo Bilac.

“Uma coisa destas é tão entusiasma­nte ao fim de 20 anos. Vamos ter o nosso ambiente, com as pessoas que ouvem a nossa música. A expectativ­a é muito elevada”, confessou ao DN o compositor, recordando os anos a fio em que se bateu por um festival só de música portuguesa. “Finalmente, ele aí está. Há algum tempo o que se fazia por cá era visto como sendo de segundo plano. Este festival também traduz uma mudança de mentalidad­e”, congratula- se.

Antes dos Resistênci­a vai cantar- se o fado, logo pelas 20.00, com Camané a prometer “surpresas” com o Atlântico ali ao lado. Já esteve no recinto e fala de um cenário “sublime” para esta noite. “Trazer o fado a um festival de verão que já teve sucesso no ano passado, só por si, é uma coisa fantástica. Revela que acabou o preconceit­o em relação ao fado, que vem ganhando espaço em Portugal”, resume.

Já António Manuel Ribeiro, vocalista dos UHF, que também vai estar na abertura do festival, defende que O Sol na Caparica vem pôr fim às dúvidas sobre a capacidade da música portuguesa em alimentar quatro dias de espetáculo. “Este festival resume aquilo que nós fazemos durante o ano. Andamos pelo país e pelo estrangeir­o com salas cheias e agora este festival vai juntar tudo nestes dias”, sublinha.

O músico anuncia ainda um best of da banda para mais logo. “O último disco foi gravado ao vivo, em novembro de 2014, entre o Centro Cultural de Belém e a Casa da Música, pelo que, como só vamos ter originais em 2016, iremos levar o nosso melhor à Caparica” justifica o compositor, que “joga” em casa, tal como outros nomes que vão passar pelo festival, com ligações ao concelho de Almada.

Além dos artistas portuguese­s, o cartaz exibe nomes da lusofonia, com passagem por Brasil, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, sempre na procura das “boas ondas”, justifica o diretor artístico, para quem no parque urbano haverá lugar para que todos possam “beber um copo, apreciar uma atuação, descansar nas zonas loun- ge e garantir a primeira surfada ou saída de kite ou windsurf”.

Isto porque no recinto vai haver uma praça com várias entidades ligadas ao surf, que irão desenvolve­r atividades com o público, ao skate, com um halfpipe, e também à arte urbana, através da pintura de um mural no recinto. Também o cinema marca presença com a exibição de curtas- metragens nos ecrãs de ambos os palcos.

Até domingo, um cartaz recheado com vista para o mar. As portas abrem às 16.00 e a música chega e prolonga- se noite fora. Previsões de bom tempo para a Caparica.

Restauraçã­o reforçou stock para dar resposta aos festivalei­ros

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Os Resistênci­a voltam a encontrar- se neste festival 20 anos depois

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