Morreu autor das Florestas Submersas do Oceanário
Sabia que estava a fazer o projeto da sua vida ao trabalhar no enorme aquário de Lisboa que agora lhe presta homenagem
“Penso que este será o projeto da minha vida e quis criar algo extraordinário para que o Oceanário de Lisboa sentisse que tinha tomado a decisão certa ao escolher- me”, disse Takashi Amano. A exposição Florestas Submersas, no Oceanário de Lisboa, foi a última obra do designer japonês, considerado pioneiro no aquapaisagismo. Morreu no dia 4 aos 61 anos. O mestre internacional de aquariofilia de água doce deixa uma marca muito própria. Nascido em Niigata, em 1954, Takashi Amano começou por se dedicar à fotografia, em particular de paisagem e natureza, tornando- se depois um especialista na criação de paisagens dentro de aquários, recriando ecossistemas da natureza. Aos dez anos criou o conceito de nature aquarium para recriar a natureza num aquário.
No Oceanário de Lisboa, Florestas Submersas replica, em ambiente subaquático, paisagens de florestas tropicais dentro de um aquário com 40 metros de comprimento e 160 mil litros de água. O convite partiu do aquário lisboeta em 2013 e a exposição inaugurou em abril deste ano. Takashi entregou- se, com a sua equipa, a um trabalho minucioso para pôr em prática o maior nature aquarium do mundo com quatro toneladas de areia, 25 toneladas de rocha vulcânica dos Açores e 78 troncos de árvores da Escócia e Malásia, mais de dez mil peixes tropicais e 46 espécies de plantas aquáticas.
Amano acompanhou todo o processo e descreveu, em entrevista ao site da sua empresa, Aqua Design Amano, a criação da exposição. “Isto é como a natureza devia ser e não poderíamos fazer um nature aqua- rium sem conhecer a natureza. Especialmente ao fazer um layout num tanque tão grande, temos de fazer tudo com perfeição para demonstrar a natureza na sua plenitude”, referiu.
Takashi Amano, que estava doente há vários anos, preparava para setembro um livro e uma exposição a partir da coleção de fotografias de sua autoria, intitulada Origin of Creation. A exposição Florestas Submersas conta com banda sonora original de Rodrigo Leão e já foi visitada por mais de cem mil pessoas. Ficará patente durante dois anos e meio. O Oceanário divulgou ontem um vídeo de homenagem ao mestre japonês: “Inspirou- se na natureza e na estética tradicional japonesa, wabi- sabi, que revela três realidades: Nada dura, nada está acabado, nada é perfeito”, lê- se no vídeo.