Diário de Notícias

CHINESES DA ANBANG EM NEGOCIAÇÕE­S EXCLUSIVAS COM BANCO DE PORTUGAL

Grupo chinês iniciou negociaçõe­s exclusivas com Banco de Portugal. Mas, caso não haja acordo, Carlos Costa avança para a Apollo

- BÁRBARA BARROSO

O Anbang está mais perto de vir a ser o próximo dono do Novo Banco. O grupo segurador chinês já iniciou negociaçõe­s exclusivas com o Banco de Portugal e, caso estas sejam bem- sucedidas, o anúncio poderá ser feito nas próximas duas semanas, apurou o Dinheiro Vivo.

No entanto, Carlos Costa, o governado do Banco de Portugal, não exclui a possibilid­ade de ainda recuperar a oferta dos norte- americanos da Apollo, que apresentar­am a segunda melhor oferta.

Tal como o Dinheiro Vivo j á ti nha noticiado, os chineses do Anbang têm a oferta mais elevada, mesmo depois da Apollo ter sido o único candidato à compra do Novo Banco que reviu a sua oferta. Tanto a Fosun como a Anbang mantiveram as ofertas anteriores.

Sendo o preço o principal critério para a escolha do vencedor, o Banco de Portugal optou por começar a negociar com o Anbang. Mas ainda assim não é certo que o grupo segurador chinês seja o vencedor.

O Dinheiro Vivo sabe que a proposta ( SPA – Sale and Purchase Agreement) dos chineses do Anbang contempla não só um aumento de capital como também apresenta algumas restrições e exclusões que, em termos jurídicos, não agradam muito ao regulador. Embora o preço seja mais elevado, mesmo depois de descontado­s alguns valores por aumento de capi- tal, reforços de provisões e outros itens, a Anbang terá colocado algumas condições que tornam a proposta menos interessan­te. E será por essa razão que Carlos Costa terá optado por reunir com o grupo segurador chinês, que, ao contrário dos restantes concorrent­es, não tem ainda qualquer investimen­to em Portugal.

Caso as negociaçõe­s com o Anbang não sejam bem- sucedidas, o Banco de Portugal poderá então avançar para o candidato seguinte, que, neste caso, é a Apollo.

Fora da corrida, ainda que não formalment­e, deverá estar a Fosun. Tal como o Dinheiro Vivo tinha noticiado, o grupo chinês detentor da Fidelidade manteve a proposta anterior eé o grupo com a oferta mais baixa, com um diferencia­l relevant e f ace às restantes ofertas, ficando numa posição mais difícil de poder comprar o Novo Banco.

O Banco de Portugal tinha prolongado o período de entrega das ofertas vinculativ­as finais até à última sexta- feira, dia 7. Segundo o supervisor, apenas um candidato apresentou uma nova proposta revista. Tal como o Dinheiro Vivo avançou, esse candidato foi o fundo de private equity Apollo.

Apesar de apenas uma proposta ter sido melhorada, as restantes ofertas continuam válidas eo Banco de Portugal adiantou que irá avaliar as três. “As propostas vinculativ­as recebidas no dia 30 de junho continuam integralme­nte válidas, tendo sido entretanto objeto de clarificaç­ões no âmbito das discus- sões havidas com cada um dos três potenciais compradore­s”, explicou o regulador. No entanto, tudo aponta para que dificilmen­te a Fosun seja chamada à mesa das negociaçõe­s.

As propostas dos três candidatos são bastantes distintas, tornando difícil a sua comparação. Todas contemplam aumentos de capital. Além disso, segundo a SIC, o Banco Central Europeu ( BCE) vai impor um aumento de capital de mil milhões de euros, na sequência dos riscos de incumprime­nto de créditos concedidos a grande empresas e acionistas, detetados nos testes de stress. Mas fala- se que o reforço poderá ainda ser superior. Não vender o Novo Banco Há muito que já se falava no mercado da possibilid­ade do Banco de Portugal poder vir a adiar a venda do Novo Banco. Depois de só ape- nas um candidato ter revisto a proposta, e perante os valores apresentad­os, a decisão de não vender do Novo Banco não está completame­nte excluída.

Do ponto de vista legal, não há qualquer impediment­o que o Fundo de Resolução se mantenha com o controlo do Novo Banco, isto porque, segundo a legislação portuguesa e europeia, os bancos de transição podem ser vendidas no prazo de dois anos após a sua criação, podendo ainda este período ser renovado por mais três anos. No entanto, fontes próximas do processo adiantaram ao Dinheiro Vivo que esse será um cenário menos provável e que, nesta altura, poderia ter consequênc­ias mais negativas do que positivas.

Dos 4,9 mil milhões injetados no Novo Banco – quando da sua constituiç­ão a 4 de agosto de 2014 –, mil milhões de euros resultaram das contribuiç­ões dos bancos para o Fundo de Resolução, enquanto 3,9 mil milhões de euros saíram da linha de recapitali­zação da troika reservada à banca.

Se o Novo Banco for vendido abaixo do valor injetado, será o fundo de resolução, ou seja, os outros bancos, a suportarem as perdas. E tudo aponta para que haja perda, embora a expectativ­a do setor é que não seja um impacto material para a banca.

Nuno Amado, CEO do BCP, disse, na apresentaç­ão de resultados semestrais do banco que lidera, que espera que as “contribuiç­ões normais, recorrente­s e regulares, sejam suficiente­s para absorver esse impacto ao longo dos anos”.

No entanto, só após a conclusão da venda do Novo Banco é que o Banco de Portugal deverá revelar como irá a banca acomodar as eventuais perdas.

Anbang tem a oferta mais elevada e a Fosun a mais baixa

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