Sporting ganha vantagem sobre CSKA de Moscovo
Para já, o Sporting quebrou a malapata histórica com equipas russas. O resto do trabalho é para fazer em Moscovo
Nunca o Sporting tinha ganho a um adversário russo, mas ontem foi o dia. A vantagem mínima e o golo sofrido em casa não deixam antever facilidades para a segunda mão em Moscovo mas, pelo menos, a equipa de Jorge Jesus tem dois resultados que lhe permitem atingir um dos grandes objetivos da época, chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões, algo que garante, desde logo, um excelente encaixe financeiro. E ganhar a um adversário com outro andamento e muito mais experiência na prova só tem de motivar o conjunto lisboeta a superar- se na viagem a Leste, para que as “contas” de 2005, ano em que o clube perdeu em casa a Taça UEFA frente ao mesmo adversário, fiquem acertadas de vez.
Apesar do melhor arranque dos moscovitas em Alvalade, onde compareceram 41 826 espectadores, o Sporting conquistou o domínio da partida a partir do quinto minuto. Com Carrillo muito ativo, a fugir frequentemente da faixa para surgir ao centro, e a classe do aniversariante Bryan Ruiz, além de muitas trocas posicionais, a equipa de Jesus tomou conta dos acontecimentos e chegou ao desejado golo bem cedo, aos 12 minutos: passe a rasgar do peruano para o costa- riquenho, que cedeu inteligentemente para o meio, onde Teo Gutiérrez surgiu a desviar para a baliza.
No entanto, o CSKA, equipa a jogar em 4x2x3x1, com outro entro- samento e ritmo de jogo – disputou ontem a oitava partida oficial da temporada e sofreu a primeira derrota –, não demorou a instalar o receio nas bancadas de Alvalade, graças sobretudo à velocidade de Musa, que na esquerda fazia o que queria de João Pereira. Foi assim que Tosic pregou o primeiro susto, com um domínio excecional na grande área leonina que lhe permitiu passar por dois adversários, antes de ultrapassar Patrício e centrar para o corte de Paulo Oliveira.
E os mesmos intervenientes estiveram no lance que resultou no penálti que favoreceu os moscovitas, aos 26’, com Jefferson a derrubar o 7 do CSKA na grande área. No entanto, o guarda- redes do Sporting, que está a atravessar um bom momento, defendeu bem o remate de Doumbia, para alívio de quase toda a gente presente em Alvalade – a exceção foi mesmo a claque r ussa, que inaugurou a caixa de segurança do recinto.
Ainda assim, o inevitável aconteceu mesmo, a cinco minutos do intervalo. Eremenko desmarcou Doumbia e o marfinense correu isolado, contornou Patrício e desviou para a baliza.
Banco mexe bem A igualdade deixou a equipa de Leonid Slutski, a quem chamam o Mourinho russo, muito mais descansada no j ogo. Recuou ainda mais as linhas na segunda parte e não foi tão efetiva no momento da transição, mas a verdade é que controlou quase sempre um Sporting a que o fôlego começou a faltar.
Jesus fez então entrar o italiano Aquilani para o lugar do pouco intenso Ruiz, o que deu mais serenidade ao meio- campo. Aos 72’, o turco Cünet Çakir deixou passar, apesar dos protestos de Slimani, uma grande penalidade contra o CSKA, por mão de Vasili Berezutski, levando Alvalade, já pouco agradado com a arbitragem, à ebulição.
No banco, Jesus jogou então as duas últimas cartadas, lançando Gelson e Mané, que abriram o pulmão ao leão, sobretudo o primeiro, que continua a prometer ser o joker da equipa para esta época. E, de tanto atirar ao “couraçado” russo, o Sporting acabou por ser premiado, num entendimento entre Slimani e Carrillo, que deixou o argelino em posição frontal para um remate colocadíssimo que Akinfeev não conseguiu deter ( tal como acontecera no último Mundial frente ao mesmo avançado), para delírio do estádio. Se será suficiente é difícil de prever – o próprio Jesus perdeu sempre na Rússia, mesmo que tenha vencido duas eliminatórias a Spartak e Zenit. Mas aí venceu sempre 2- 0 em casa.
Rui Patrício defendeu um penálti a Doumbia
E foi tudo sobre a infindável polémica com o Benfica. De resto, o elogio à sua equipa atual. “Não sof rer golos é i mportante, mas o mais importante é ganhar. Sabíamos que esta eliminatória se ia resolver no segundo jogo. E é melhor chegar a Moscovo com uma vitória do que com um empate. Estamos em melhor posição do que começámos neste play- off”, realçou o técnico, valorizando o 2- 1 de ontem, ainda que lamentando algumas decisões do árbitro, como um penálti deixado por assinalar contra os russos. Mas repetiu uma ideia que já usou no passado: “O CSKA é uma grande equipa mas o Sporting também é. Temos capacidade para fazer golos em Moscovo.”
Jesus salientou ainda o trajeto vitorioso da equipa até aqui: “Mostrámos que estamos no caminho certo, só com vitórias neste início de época.” E garantiu que o Sporting “vai ser ainda muito mais forte” no futuro, quando tiver William Carvalho e Ewerton ( lesionados) de volta.