PS refaz as contas: défice agrava- se, crescimento e emprego sobem
PS completa contas e desacelera em 1246 milhões descida dos dois principais índices orçamentais
Mais 1246 milhões agravam a dívida e o défice, mas o país deverá crescer mais – 2,4% em 2019 – e serão criados 207 mil empregos em quatro anos. O estudo sobre os impactos económicos e orçamentais do programa eleitoral do PS foi apresentado ontem por Mário Centeno.
O PS apresentou ontem a simulação final sobre os impactos económicos e orçamentais do seu programa eleitoral.
Depois de, numa primeira fase ( abril deste ano), terem sido apresentadas projeções em função apenas de meia dúzia de grandes medidas – por exemplo: reposição da sobretaxa do IRS, reposições salariais na função pública, mexidas nos descontos das empresas e dos trabalhadores para a Segurança Social –, ontem somaram- se a essas várias outras medidas, provocando alterações nas contas finais dos socialistas.
Em síntese: os socialistas moderaram ligeiramente as suas perspetivas sobre o défice público e a dívida, agravando ambos face ao que tinham inicialmente simulado; mas, ao mesmo tempo, tornaram- se mais otimistas no que toca ao emprego e ao crescimento.
No défice público, previam 1% do PIB em 2019 e agora preveem, para o mesmo ano, 1,4% – uma diferença que, em valores absolutos, rondará, a valores atuais do produto, 712 milhões de euros. Tal como estava inicialmente simulado, Portugal, com este programa do PS a dar os resultados previstos, só deixará de ter um défice excessivo ( igual ou superior a 3%) no final de 2017 ( a coligação prevê no Programa de Estabilidade 2015- 2019 que isso aconteça já no final deste ano).
No que toca à dívida pública, a perspetiva socialista ontem apresentada também é de moderação face à de abril. Então o PS previa que em 2019 a dívida estaria nos 117,6% do PIB; agora faz crescer a previsão para 117,9% – ou seja, uma diferença, a valores atuais do PIB, de 534 milhões de euros. Somados os valores, verifica- se que as simulações do PS para o défice e a dívida em 2019, último ano da próxima legislatura, se agravaram em 1246 milhões de euros.
Estas são, como se diz na linguagem económica, as revisões em baixa. Depois, há as revisões em alta. E essas são nos números do emprego e do crescimento do PIB. Inicialmente os socialistas previam para o desemprego em 2019 um valor na ordem dos 7,4%; agora baixam a estimativa em duas décimas percentuais, portanto para 7,2%.
Ontem, ao apresentar o “quanto, quando e como” das contas do PS, Mário Centeno, o economista que coordenou o trabalho – e agora candidato a deputado do PS pelo círculo de Lisboa –, disse que as “simulações” do partido apontam para uma criação de 207 mil postos de trabalho até ao final da legislatura ( 29 mil em 2016 que chegariam a 95 mil em 2017, depois 159 mil em 2018 e 207 mil em 2019). Pelas 21.20 de ontem, Costa, através da sua conta no Twitter ( twitter. com/ CostaPS2015), tentava retificar os títulos dos jornais entretanto feitos com a questão dos 207 mil empregos até 2019: “O PS não ‘ promete criar 207 mil empregos’! Apresentou sim o estudo técnico que estima impactos económicos do seu programa.”
A coligação PSD- CDS deliberadamente escolheu não reagir ontem aos números do PS mas as suas inúmeras vozes espalhadas pelas redes sociais foram rápidas a recordar que em 2005 Sócrates prometeu criar 150 mil novos empregos. As previsões da coligação para o desemprego no final da legislatura são bastante menos otimistas do que as do PS: 11,1 por cento. É uma previsão mais parecida com aquel a que o FMI f az, também para 2019: 11,2 por cento.
Por via de desacelerações menos acentuadas do défice e da dívida, as simulações do PS conduziram a um melhoramento nas perspetivas de crescimento. No documento de abril previa- se que o aumento do PIB fosse de 2,3% em 2019 e agora admite- se 2,4% – uma diferença portanto de 178 milhões de euros ( valores atuais).
Ao apresentar ontem com Mário Centeno as contas atualizadas do PS, António Costa reafirmou que a “trajetória de decadência nacional não é uma fatalidade”. É, isso sim, a realidade sobre a qual há que “agir e construir as políticas certas para produzir os resultados necessários”.