Diário de Notícias

Portugal emite dívida a três meses com juros negativos

Tesouro colocou 1150 milhões de euros em bilhetes, a uma taxa de - 0,013%

- R A FA E L A BURD R E LVA S

Portugal regressou ontem ao mercado de dívida com a emissão de dois leilões de bilhetes do Tesouro, um a a três e outro a 11 meses. Na maturidade mais curta, o Estado português conseguiu financiar- se com juros negativos, tal como o Dinheiro Vivo tinha antecipado. A taxa foi de - 0,013%. No empréstimo a 11 meses, Portugal conseguiu baixar o juro para perto de mínimos históricos: 0,021%.

O IGCP pretendia colocar entre 750 milhões e mil milhões de euros e o montante levantado excedeu as previsões da instituiçã­o que gere a dívida pública, com o Tesouro a colocar 1150 milhões de euros, mas a procura foi menor do que nos leilões anteriores.

Na emissão a três meses, o Tesouro colocou 400 milhões de euros, com a procura a chegar aos 1257 milhões e a superar a oferta em 3,14 vezes. Na operação anterior, o rácio tinha sido de 5,1 vezes. Já na maturidade a 11 meses, foram colocados 750 milhões de euros em bilhetes do Tesouro, com a procura ( que ascendeu a 1505 milhões) a superar a oferta em 2,01 vezes, abaixo do rácio de 3,1 vezes registado no leilão anterior.

A envolvente monetária e política pode ser a explicação para os investidor­es estarem dispostos a emprestar mais dinheiro do que vão receber de volta. “O facto de o BCE se manter com uma política monetária expansioni­sta, pelo menos até 2016, acaba sempre por trazer confiança ao investidor­es”, explica ao Dinheiro Vivo Tiago da Costa Cardoso, gestor da XTB. “Também a expectativ­a de uma situação política que traga continuida­de à gestão de dívida feita nos últimos quatro anos e a situação mais consolidad­a na Grécia são fatores críticos para que se gere esta procura”, acrescenta.

Nas maturidade­s mais longas, vai ser “mais complicado” conseguir taxas tão baixas, diz o analista da XTB. “Mais importante do que as taxas serem negativas, é vermos consistênc­ia na queda das yields”, já que “só com essa consistênc­ia é que os investidor­es acreditarã­o no potencial da recuperaçã­o do país”, aponta, sublinhand­o que “na atual envolvente que vivemos, será expectável uma queda das taxas para emissões de médio e longo prazo”.

Seja como for, salienta Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, “o f acto de as duas taxas serem próximas do zero” permite ao país “substituir dívida antiga com taxas mais elevadas por dívida nova com taxas mais baixas”. Steven Santos, gestor do BiG, lembra ainda que a emissão a três meses “irá vencer depois das eleições legislativ­as, agendadas para 4 de outubro, o que revela a confiança do mercado na envolvente política nacional”. Cristina Casalinho, presidente do IGCP

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