Diário de Notícias

Tailândia avisa autor de ataque: entrega- te porque corres risco de vida

Polícia pensa que o suspeito é estrangeir­o e tem dois cúmplices. Governo diz temer que seja morto para ser silenciado

- S USANA S A LVA DOR

As autoridade­s tailandesa­s acreditam que os autores do atentado contra o templo de Erawan e contra o cais de Sathorn, em Banguecoqu­e, fazem parte de uma rede e não são meros lobos solitários. O primeiro- ministro da Tailândia, o general Prayuth Chan- ocha, pensa até que o suspeito cujo retrato- robô ontem foi divulgado, e que a polícia diz ser um estrangeir­o, pode ter sido contratado só para pôr a bomba. Daí que tenha pedido para que ele se entregue, porque arrisca “ser morto para evitar que possa falar”.

“Eles sabem que as autoridade­s estão determinad­as em apanhar os bombistas” e podem matá- los para assegurar o seu silêncio, disse o general aos jornalista­s. “Quero dizer a quem está por detrás dos incidentes que se querem estar seguros, devem entregar- se. As autoridade­s vão avaliar as soluções legais para garantir a sua segurança. É melhor do que esconderem- se”, acrescento­u.

As imagens de videovigil­ância do templo hindu de Erawan mostram o momento em que o suspeito de T- shirt amarela pousa debaixo de um banco a mochila que trazia, antes de sair. Minutos depois, ocorreu a explosão, que causou a morte a 20 pessoas ( 13 das quais estrangeir­as) e 120 feridos ( 12 estão em estado crítico). As autoridade­s divulgaram ontem o retrato- robô do suspeito, com base nas imagens e no testemunho dos condutores de tuk- tuk ( que servem como táxis), que usou para chegar e afastar- se do templo.

Um deles, Kasem Pooksuman, que acredita ter transporta­do o bombista desde o templo hindu até ao parque Lumpini, contou à CNN que o suspeito não falou com ele, tendo mostrado o destino escrito num papel. Contudo, falou ao telemóvel durante a viagem, numa língua que não era nem tailandês nem inglês. “Quando o deixei, ele ainda parecia calmo, tal como um cliente normal. Não parecia ter pressa.”

As autoridade­s oferecem uma recompensa de um milhão de bahts ( cerca de 25 mil euros) por informaçõe­s que levem à detenção do suspeito. Um tribunal de Banguecoqu­e já emitiu um mandado de captura contra o “estrangeir­o anónimo”, que acusa de “conspiraçã­o para cometer homicídio premeditad­o”.

Mas as autoridade­s não estão só à procura de um indivíduo. “Ele não atuou sozinho. É uma rede”, disse o chefe da polícia, Somyot Poompanmou­ng, à AP. No vídeo de vigilância há dois homens que parecem colocar- se à frente do principal suspeito de forma a escondê- lo quando ele deixa a bomba. Os dois também estão a ser procurados.

D e s c o n h e c e - s e ai nda s e al gum dos três tem ligação ao engenho atirado na terça- f eira desde uma ponte para o cais de Sathorn, mas que acabou por rebentar na água sem causar vítimas.

Nenhum dos atentados foi reivindica­do e as autoridade­s não sabem se a tal “rede” é de terrorismo doméstico ou internacio­nal. Uma rebelião muçulmana no Sul do país já causou a morte a mais de 6400 pessoas desde 2004, a maioria civis, mas esse é um conflito localizado. A imprensa local fala na hipótese de os responsáve­is serem da minoria uigur, alvo de repressão na China e responsáve­is por uma série de ataques com facas nesse país. No mês passado, a Tailândia repatriou à força cem refugiados uigures.

Polícia tailandesa divulgou um retrato

- robô do principal suspeito do atentado

O templo hindu de Erawane reabriu ontem, menos de 48 horas depois do atentado

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