Diário de Notícias

Morreu a atriz que interpreto­u Batgirl na televisão

Yvonne Craig trabalhou no cinema de Hollywood, mas foi a televisão que lhe deu fama na série Batman dos anos 60

- J OÃO LO PE S

Há atores e atrizes que, por boas ou más razões, ficam marcados por uma única personagem, numa espécie de assombrame­nto mitológico. Assim aconteceu com Yvonne Craig. Apesar de uma carreira relativame­nte extensa, o seu nome será sempre associado à Batgirl da série televisiva Batman, produzida na segunda metade dos anos 60: Yvonne Craig faleceu na segunda- feira, na sua casa de Pacific Palisades, na Califórnia, vítima de cancro da mama – contava 78 anos.

Na história audiovisua­l dos super- heróis, a série constitui uma referência incontorná­vel, tendo sido a est reia de Batman no pequeno ecrã ( na década de 40, a figura do justiceiro de Gotham City tinha já dado origem a dois típicos serials para cinema). A série televisiva, embora não tenha sido das mais duradouras – foram emitidos 120 episódios, durante três temporadas, entre janeiro de 1966 e março de 1968 –, constituiu um fenómeno invulgar de popularida­de, ainda hoje objeto de culto para muitos espectador­es, especialme­nte fascinados pelo kitsch das suas histórias e do universo visual.

Yvonne Craig surgiu apenas para a terceira temporada, interpreta­ndo a figura de Batgirl, aliada de Batman e Robin ( interpreta­dos, respetivam­ente, por Adam West e Burt Ward) na luta contra o crime. Com o seu fato púrpura e amarelo, a atriz rapidament­e conquistou uma legião de fãs que a entronizar­am como modelo de um heroísmo feminino, algo paródico no seu ingénuo feminismo.

Na trajetória profission­al da atriz, a interpreta­ção de Batgirl represento­u uma espécie de compensaçã­o para o relativo falhanço da sua carreira no cinema. Na verdade, começou como bailarina, t endo i ntegrado o Ballet Russo de Monte Carlo. Foi a partir de finais dos anos 50 que tentou a sua sorte em Hollywood, surgindo em títulos como The Young Land ( 1959), um western dirigido por Ted Tetzlaff, Ritmos Modernos ( 1959), uma biografia do bat erista Gene Krupa realizada por Don Weis, ou Ruivas, Loiras e Morenas ( 1963), de Norman Taurog, uma das muitas comédias românticas protagoniz­adas por Elvis Presley.

Na altura, Yvonne Craig estava já envolvida em muitos projetos de televisão, tendo participad­o entre 1958 e 1965 em séries como Perry A Batgirl só surgiu

na terceira temporada da série Yvonne Craig começou a vida profission­al como bailarina e terminou como agente imobiliári­a. Pelo meio foi Batgirl Mason, The Barbara Stanwyck Show, The Dick Powell Show, Dr. Kildare ou O Homem da U. N. C. L. E. A sua carreira poderia ter sofrido uma viragem decisiva quando foi considerad­a como uma hipótese para integrar o elenco de West Side Story ( 1961) – ainda fez um casting para a personagem nuclear de Maria, mas seria Natalie Wood a ficar com o papel.

Curiosamen­te, para além de Batgirl, a sua personagem mais célebre aconteceu também em televisão, noutro universo de típico artifício espetacula­r, de alguma maneira aplicando as suas compe- tências no domínio da dança. Foi no episódio n. º 14 da terceira temporada de Stark Strek, emitido em janeiro de 1969: Yvonne Craig interpreta­va Marta, uma escrava de pele verde que era também uma bailarina exótica do planeta Elba II.

Apesar de ter continuado a surgir em diversas séries televisiva­s ( Kojak, Fantasy Island, etc.), a sua carreira foi- se desvanecen­do ao longo da década de 80, tendo mesmo optado por trabalhar na compra e venda de imobiliári­o. Publicou as suas memórias, From Ballet to the Batcave and Beyond, no ano 2000.

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