HÉLIA CORREIA
Escritora
Ouvir- se falar de Hélia Correia não é coisa para todos os dias, mesmo que a revisitação da obra seja uma situação sempre obrigatória. No entanto, a atribuição do mais recente Prémio Camões à escritora fez que o seu nome fosse tema de conversa entre portugueses como, talvez, desde a publicação do romance Lillias
Fraser não se verificava. Nada que seduza a escritora, conforme se depreende desta entrevista, um raro momento para se perceber o seu universo. Em que não evita comentar questões políticas nem evocar factos históricos ou atuais com todas as palavras que merecem. Até confessa que votar tornou- se um ritual vazio devido ao incumprimento da vontade das pessoas pelos governos. Ou sobre a questão da importância da cultura clássica grega, tema que a empolga mais do que muitos outros. Salvo se a concorrência do assunto for a dos seus amigos gatos. Aí, a conversa não para. Como foi o caso de uma gata que teve em casa durante três meses e que proibiu praticamente a escritora de sair à rua: “Era uma gatinha selvagem que engravidou e a única pessoa com que se relacionava era comigo. E eu, para que não passasse tormentos da vida selvagem, da fome e dos maus- tratos, fechei- me em casa nesses três meses.” Foi professora de Português do ensino secundário, mas a publicação da novela O Separar das
Águas, em 1981, fê- la ser notada pelos leitores e pela crítica. Em 1986 é a vez da poesia, com A Pequena Morte / Esse Eterno Canto. No ano de 1991, apresenta- se na dramaturgia com Perdição, Exercício sobre Antígona. Pelo meio, vai editando contos, novelas e romances. Montedemo será encenada pelo grupo O Bando e Flor
bela pelo grupo Maizum. Recebeu vários os prémios, entre os quais o PEN 2001, Correntes d’Escritas e Vergílio Ferreira.