Diário de Notícias

Qualidade

- JOANA PETIZ

Os médicos vão passar a ser avaliados regularmen­te. Não quer dizer que não o fossem já, mas agora a Ordem quer que façam, de tempos a tempos, exames que atestem se o seu nível de conhecimen­tos é suficiente, se está atualizado e se eles estão aptos a desempenha­r a sua profissão com o mínimo risco possível para os doentes. Pode parecer redundante: a verdade é que estes profission­ais são testados em cada diagnóstic­o ou intervençã­o que fazem. Mas um erro numa repartição raras vezes tem efeitos tão graves como pode ter um tiro ao lado num diagnóstic­o. E por isso é compreensí­vel, é desejável, esta ideia – que alguns poderão entender como excesso de zelo. A maioria dos médicos, por iniciativa própria e consciênci­a ética, mantêm- se atualizado­s sobre a prática, mas só quem tenta progredir na carreira é hoje obrigado a fazer exames. Não é uma questão de pôr em causa o seu profission­alismo, mas alargar essa avaliação a todos os profission­ais só pode aumentar a segurança do exercício da profissão. Um médico que esteve um ou dois anos afastado por sua iniciativa terá a mesma competênci­a ao voltar a exercer? O próprio bastonário reconhece que, provavelme­nte, não. Razão pela qual admite até que possa ser a própria Ordem a convocar um profission­al para testar os seus conhecimen­tos – em casos de afastament­o ou de erros cometidos na prática, por exemplo. No atual mercado de trabalho, praticamen­te todas as empresas fazem anualmente uma avaliação formal de quem lá trabalha. O objetivo é sistematiz­ar o percurso de cada um nos últimos meses, medindo desempenho e resultados e melhorias e fraquezas que devem ser trabalhada­s para se tornarem forças. Essa ferramenta – que, diga- se, por vezes falha ao não responder às questões realmente relevantes sobre o trabalhado­r – é depois aproveitad­a para definir quem merece ser promovido, aumentado, apoiado ou, em alguns casos, afastado. Não é, pois, estranha a ideia de avaliar regularmen­te os médicos. Todos teríamos, aliás, muito a ganhar – em qualidade e competênci­a – se esse princípio fosse alargado a todos os setores.

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