Economia britânica recua para valores de 2009 devido ao brexit
Segundo a consultora Markit, a contração económica será motivada pelo maior cancelamento de encomendas desde 2012
A economia do Reino Unido está a recuar para valores de 2009, altura da crise financeira global, como consequência da decisão de sair da União Europeia (UE), referendada em junho, indicou ontem um estudo elaborado pela Markit.
Segundo a empresa de serviços de informação financeira Markit, o valor do PMI (Purchasing Managers Index), composto pela atividade do Reino Unido, demonstra uma diminuição da atividade em todos os setores de produção, exceto nas exportações, que beneficiou da desvalorização da libra.
O índice, elaborado com base nos dados recolhidos junto de 600 empresas, entre 12 e 21 de julho, ficou-se pelos 47,7 pontos em julho, abaixo dos 50 pontos, e no valor mais baixo desde abril de 2009, o que indica contração económica.
Segundo a consultora, a contração económica será motivada pelo maior cancelamento de encomendas desde 2012, e por uma queda significativa da confiança no setor dos serviços, o motor da economia britânica.
O economista-chefe da Markit, Chris Williamson, afirmou que “os dados revelam que a economia está a deteriorar-se drasticamente”, podendo vir a contrair-se 0,4% no terceiro trimestre do ano, face ao crescimento moderado nos primeiros seis meses do ano, antes do referendo de 23 de junho, que deu a vitória à saída do Reino Unido da União Europeia (brexit).
“Para este declínio, seja pelo cancelamento de encomendas, por falta de novas ou pelo cancelamento e adiamento de projetos, contribuiu a vitória do brexit”, considerou.
Williamson previu que haverá um agravamento da situação no curto prazo, embora tenha admitido que talvez o efeito do referendo se possa dissipar ao fim de alguns meses.
No mesmo dia, o presidente executivo da Vodafone, Vittorio Colao, afirmou que a operadora “não tem planos” de abandonar o Reino Unido na sequência da vitória do brexit no referendo de 23 de junho.
Colao, que falava numa teleconferência sobre os resultados do grupo de telecomunicações no seu primeiro trimestre fiscal, terminado em junho, salientou que a empresa com sede na localidade inglesa de Newbury considera o Reino Unido “um lugar atrativo para os negócios”, dado que “é fácil aceder a bons recursos e tem um sólido sistema legal”.
O gestor afirmou: “Não temos planos de estudar nada que não seja ficar onde estamos.” E apontou ainda que “o interesse dos consumidores britânicos e europeus” é que prevaleça “um mercado digital único em todos os países da UE”.