A última leva de policiais a pensar nos leitores que gostam muito do género
Aorigem nórdica da maioria dos policiais tem turvado a geografia da leitura deste género literário nos últimos anos. É o escritor que vem da Suécia, a melhor autora da Noruega, o excecional dinamarquês... Ou seja, há um manto de neve que degela dos países do Norte da Europa abaixo para o Centro e o Sul que cobre o trabalho interessante de outros autores menos conhecidos daquela região. É o caso da islandesa Yrsa Sigurdardóttir, cujos policiais não são tão complicados como o seu apelido.
A autora já tem três romances publicados em Portugal, Cinza e Poeira, Lembro-Me de Ti e Alguém para Tomar Conta de Mim, e agora a Quetzal regressa com O Silêncio do Mar. Que data de 2011 e tem a particularidade de ter um pé entre Reiquiavique e outro em Lisboa. A sinopse é esta: um iate de luxo parte do porto da capital portuguesa para a da Islândia, mas os sete passageiros – uma família e a tripulação – não descem a terra no porto de Reiquiavique, pois o veleiro chega sem uma única alma viva ao fim.
A inspiração da autora terá partido de uma visita a Lisboa e da extrapolação de um caso semelhante passado com a embarcação Mary Celeste, que aconteceu no longínquo ano de 1872. Matéria-prima própria para escrever aquele que é considerado o seu livro mais assustador.
Yrsa Sigurdardóttir é considerada a “resposta islandesa a Stieg Larsson” e essa designação não deixa de ter sentido – mesmo que ninguém alcance o sueco! –, até porque a autora trabalha a temática da conspiração, das relações familiares e dos negócios pouco claros como ninguém. É também a continuação da sua protagonista Thóra Gudmundsdóttir, que tem garantido ótimos momentos aos leitores fiéis desta islandesa.
Como não podia deixar de ser, a edição de policiais tendo em vista a leitura para férias não consegue ignorar um representante sueco: Mons Kallentoft. Um autor já bem conhecido dos portugueses e que com a Quinta Estação dá por solucionado o caso de uma assistente social que tinha sido internada numa clínica psiquiátrica, Maria Merval, e que a sua inspetora Malin Fors investigava já há algum tempo.
Kallentoft é um dos mais aclamados autores suecos, bastante premiado mal publicou o seu primeiro livro policial. Toda a crítica considerou que os seus livros recentravam o género policial escandinavo, tendo logo atingido números de vendas da dimensão dos 300 mil exemplares só no seu próprio país. O mais interessante é que o autor não estava destinado a tornar-se um profissional da escrita pois, como o próprio confessa em notas autobiográficas, o meio em que cresceu era mais propício ao hóquei no gelo ou ao futebol. Mas a inspetora Malin Fors trocou-lhe as voltas.
Da Dinamarca veio o novo livro de Sara Blaedel, As Raparigas Esquecidas, um volume que é mais sangrento do que a maioria dos policiais dos últimos tempos. Mas a história é interessante e com algumas novidades na utilização das técnicas forenses, mesmo que seja muito duro na leitura.
A invasão de romances com crimes inventados ou replicados é uma moda que não passa desde que Stieg Larsson os recuperou