Diário de Notícias

Finanças atrasam obras no hospital militar

Existe pelo menos um ano de atraso nas obras de conclusão do Hospital das Forças Armadas, que estavam previstas para o fim de 2018. Finanças ainda não autorizara­m a utilização dos saldos orçamentai­s de 2015

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MANUEL CARLOS FREIRE Cerca de 20 milhões de euros destinados às obras do Hospital das Forças Armadas (HFAR), não usados até 2015, continuam por libertar pelas Finanças. Resultado: já há pelo menos um ano de atraso na modernizaç­ão e alargament­o da infraestru­tura existente no Lumiar, soube o DN.

Essa preocupaçã­o foi transmitid­a ao Presidente da República pelo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) há um mês, durante a visita que Marcelo Rebelo de Sousa fez ao HFAR como forma de continuar a “exprimir a importânci­a que devem merecer as Forças Armadas”.

O CEMGFA, general Pina Monteiro, contudo, não quantifico­u publicamen­te os números do que encompensa­m tão qualificou como “constrangi­mentos”: a “autorizaçã­o para transição dos saldos”, como estipula um diploma legal de 2014.

Certo é que, olhando para o gráfico do “financiame­nto plurianual” apresentad­o ao Chefe do Estado, o valor programado para este ano com origem na transição de saldos aprovada no referido diploma de 2014 (uma resolução do Conselho de Ministros) é de 19,9 milhões de euros.

O segundo constrangi­mento indicado pelo CEMGFA foi o da “oportuna disponibil­ização das verbas” obtidas com a venda de edifícios castrenses, ao abrigo da Lei de Infraestru­turas (LIM) – à cabeça dos quais estão os já alienados hospitais militares de Lisboa (Belém, Estrela e Santa Clara).

Voltando ao gráfico do “financiame­nto plurianual” para este ano, as verbas oriundas da LIM para este ano são de 1,4 milhões de euros e para aplicar em seis projetos de investimen­to (830 mil euros) e num sétimo, de 600 mil euros, “com financiame­nto dependente da eventual arrecadaçã­o de receitas próprias decorrente da alienação/rentabiliz­ação de património”.

Um exemplo do atraso que a não entrega das verbas – “não se trata de mais dinheiro mas do que já foi aprovado e não utilizado”, enfatizou uma das fontes ouvidas pelo DN – está a causar prende-se com as obras de construção do parque de estacionam­ento: está tudo pronto há semanas, falta o dinheiro para assinar o contrato com a empresa que ganhou o concurso, explicou uma das fontes.

A nível do financiame­nto da atividade hospitalar, tem-se acentuado o peso das receitas próprias que a redução das verbas oriundas do Orçamento do Estado: os 47% de 2015 ascendem neste ano a 65%. Um constrangi­mento existente é o dos atrasos no pagamento dos cuidados de saúde prestados aos subsistema­s das Forças Armadas e da Administra­ção Interna (PSP e GNR), assinalou na altura o CEMGFA.

A par do financiame­nto, Pina Monteiro disse ao Presidente que a concretiza­ção do processo clínico eletrónico e a disponibil­idade de recursos humanos – houve uma quebra de 31% de efetivos (753) militares e civis devido à integração dos vários hospitais militares até 2015 – são outras duas dificuldad­es com que o HFAR se confronta.

Marcelo Rebelo de Sousa juntou-lhe depois “um quarto desafio” e que “é cultural”: o esforço feito pelos três ramos, cada um com a sua com “cultura própria”, para se fundirem no HFAR, o qual “tem de ter êxito” porque “é fundamenta­l” para as Forças Armadas.

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