Diário de Notícias

Angolana TAAG quer fazer de Luanda o Dubai de África

Crise em Angola obriga a reavaliar plano traçado pela Emirates para revitaliza­r a TAAG. Atração de estrangeir­os pode ajudar a revitaliza­r economia, levando divisas estrangeir­as

- ANA MARGARIDA PINHEIRO

Fazer de Luanda um hub internacio­nal e revitaliza­r a TAAG e a economia angolana. É este o novo plano da Emirates para a companhia aérea TAAG, que está a gerir desde final de 2014. “Toda a gente viaja para todo o lado passando pelo Dubai. Um dia, quando o novo aeroporto internacio­nal de Luanda estiver a funcionar, África poderá viajar para o resto do mundo através de Luanda, e o resto do mundo poderá viajar para África passando por Luanda. Este é o nosso sonho”, afirmou em entrevista ao jornal angolano Mercado, amanhã nas bancas.

“Se se conseguir fazer passar os passageiro­s desses países [vizinhos] por Angola para outros pontos como Portugal, Cuba e América do Sul, China, por exemplo, então temos acesso a um mercado maior”, disse, nove meses depois de agarrar a companhia e de ter sido obrigado por força da crise das divisas e do petróleo a reavaliar o plano traçado ainda em 2014. “Estamos a manter a companhia e a reduzir os custos, tanto quanto possível”, sublinhou.

O modelo de internacio­nalização de Luanda como ponto de passagem de passageiro­s de vários países já está a andar, depois de os serviços de emigração terem permitido uma escala na capital angolana para passageiro­s sem visto. “Temos tido já algum sucesso, quando trazemos passageiro­s da África do Sul, conectando-os com os nossos voos para Portugal”, referiu o gestor reformado da Emirates, realçando: “Quando começámos a fazer isto em março último, tínhamos três passageiro­s, agora são oitenta por mês.” O novo fluxo “está a ajudar a incrementa­r os lucros da TAAG” e permite antever “um número maior nos próximos meses”, dando alento ao plano de cresciment­o por via das escaladas.

No plano inicial também está previsto um investimen­to no serviço de bordo, uniformes da tripulação, assentos e entretenim­ento, que estão em stand by até que haja capital para o fazer. “Tudo isto carece de dinheiro” e “claramente, o governo [angolano] não tem este dinheiro”.

Ainda que a atrasar esta renovação da empresa, “o problema da TAAG não é só a falta de dinheiro, tem que ver igualmente com os custos das operações da companhia, que são maiores do que a viabilidad­e da sua moeda, para pagar as necessidad­es de importação de suprimento­s”, refere o presidente. “Temos kwanzas suficiente­s, mas a moeda fora de Angola não tem valor”, e “muito do que é necessário requer divisas”, um problema que afecta várias empresas do país. Atrair estrangeir­os é, por isso, fundamenta­l. “Quanto maiores forem as fontes de obtenção de divisas, melhor. Porque, sempre que obtemos divisas, podemos pagar as nossas contas no exterior. A estratégia que falei há pouco de usar o aeroporto de Luanda como um ponto de passagem da África do Sul e de Portugal é uma forma de captar essas divisas. Portanto, quanto maior trânsito pudermos atrair, melhor para a TAAG.”

E oportunida­des, salienta, não faltam. “Vejamos, voamos para China, América do Sul, iremos ter Cuba na nossa rota, ainda estamos a ver outros destinos. Não estamos totalmente dependente­s da economia do país.”

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Peter Hill está em Angola com uma equipa de outros três gestores

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