Diário de Notícias

Depois da semana Trump, chega a semana Hillary

EUA. Ex-rival de Hillary Clinton lamentou escolha de Tim Kaine como vice e pediu demissão de presidente do Partido Democrata

- HELENA TECEDEIRO

A candidatur­a de Clinton vai ser confirmada na Convenção dos Democratas que arranca hoje em Filadélfia. No sábado, apresentou em Miami o seu vice-presidente: Tim Kaine, que subiu ao palco com a mulher

Depois de uma semana dominada por Donald Trump e o show da convenção republican­a, hoje é a hora de os democratas subirem ao palco na convenção que vai confirmar Hillary Clinton como a primeira mulher candidata à Casa Branca por um dos principais partidos. Pelo Wells Fargo Center de Filadélfia vão passar desde o presidente Barack Obama ao ex-rival de Hillary Bernie Sanders, da atriz Eva Longoria ao antigo presidente Bill Clinton. Na quinta-feira será Chelsea Clinton a apresentar a mãe, cujo discurso de nomeação se espera acabar com as divisões com os apoiantes de Sanders e unir o partido para a batalha contra o republican­o Trump nas eleições de novembro.

O objetivo principal da candidata democrata é claro: evitar que a convenção democrata repita os momentos de tensão e divisão da sua homóloga republican­a. Uma hipótese que não parece assim tão remota. Afinal, Bernie Sanders não só criticou a escolha da ex-rival para vice-presidente como exigiu a demissão da presidente do partido, DebbieWass­erman. Numa aparição no programa This Week da ABC News, o senador do Vermont confessou que teria preferido ver Elizabeth Warren, senador do Massachuse­tts e feroz crítica de Wall Street, no ticket democrata, em vez de Kaine. “Conheço o Tim há muitos anos. É ótima pessoa. Mas é mais conservado­r do que eu. Teria preferido que a secretária Clinton escolhesse alguém como ElizabethW­arren? Sim, teria”, explicou Sanders, um autodenomi­nado “socialista democrátic­o” cujo discurso antissiste­ma conquistou os jovens e a classe média nas primárias.

Quanto a Wasserman, o senador disse não estar “chocado, mas sim desiludido”, depois de uma fuga de 19 mil e-mails, divulgados pela Wikileaks, parecer vir confirmar que a Comissão Nacional Democrata (DNC, na sigla em inglês) favoreceu a candidatur­a de Hillary durante as primárias – situação que a equipa de Sanders já denunciara. Segundo a CNN, Wasserman não só não irá presidir àconvenção de Filadélfia como demitir-se-á depois.

Perante um início de convenção menos pacífico e conciliado­r do que a ex-primeira-dama gostaria, a campanha de Hillary Clinton denunciou o que diz ser o envolvimen­to da Rússia na divulgação dos e-mails pela Wikileaks. “Há provas de que pessoas ligadas ao Estado russo entraram na Comissão Nacional Democrata, roubaram estes e-mails e temos peritos a dizer que estão a divulgar estes e-mails para ajudar Donald Trump”, garantiu à CNN o gestor de campanha, Robby Mook. A equipa de Trump reagiu em comunicado enviado ao Washington Post, classifica­ndo estas declaraçõe­s como “uma piada”.

Em junho, hackers russos terão entrado nos computador­es da DNC, um ataque informátic­o que a campanha de Hillary agora relacionad­o com a fuga dos e-mails. Quanto ao envolvimen­to de Moscovo, surge depois de o presidente russo,Vladimir Putin, ter vindo manifestar a sua admiração por Trump e de o candidato republican­o ter retribuído os elogios.

Sondagens, protestos e um apoio A perder terreno nas sondagens nacionais – a última, da Gravis, mostra mesmo Donald Trump à frente, com 51% das intenções de voto, contra 49% para a rival democrata –, Hillary sabe que não basta atacar o candidato republican­o para ganhar em novembro. Apesar de toda a sua experiênci­a – foi primeira-dama, senadora e secretária de Estado –, a candidata democrata continua impopular. E se conta com Tim Kaine para conquistar o voto dos homens brancos e dos independen­tes, precisa ainda das mulheres. Apesar de o FBI ter concluído que não fez nada de ilegal quando, como chefe da diplomacia (2009-2013) usou o e-mail pessoal, uma sondagem recente para a CBS e o NewYork Times mostra que 67% dos inquiridos dizem não confiar nela.

Outro dos desafios de Hillary são os protestos. Apesar da preo- cupação das forças de segurança, a convenção republican­a decorreu na semana passada sem incidentes de relevo. Para estes dias em Filadélfia são esperados mais de 50 mil manifestan­tes que se deverão concentrar no FDR Park, em frente ao Wells Fargo Center onde se reúnem os delegados democratas. E a larga maioria dos que irão participar nos protestos deverão ser apoiantes de Sanders. Mas também estão previstas manifestaç­ões de grupos antigays ou pela paz mundial. A organizaçã­o Black Lives Matter, que tem organizado protestos contra as mortes de jovens negros por polícias, ainda não esclareceu se irá manifestar-se durante a convenção. Na zona em torno da convenção estão proibidas mochilas, balões, paus de selfies, armas e explosivos.

A poucas horas do início da convenção, Hillary recebeu ontem uma boa notícia: entre os oradores estará Michael Bloomberg. O ex-mayor de Nova Iorque, que chegou a ponderar uma candidatur­a a estas presidenci­ais, irá dar o seu apoio à ex-primeira-dama.

Campanha de Hillary culpou Rússia por fuga de

19 mil e-mails

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Câmara de Filadélfia espera mais de 50 mil manifestan­tes por dia em protestos previstos para o FDR Park, frente ao Wells Fargo Center onde vai decorrer a convenção democrata. No interior, os preparativ­os continuava­m ontem

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