Diário de Notícias

Genéricos já são metade dos medicament­os vendidos

Saúde. Quota nacional de genéricos já ultrapassa os 47%. Mas há farmácias com valores acima dos 60% – o número definido como objetivo

- JOANA CAPUCHO Com A.M.

Saúde. Os medicament­os genéricos representa­m uma quota de 47% do total de remédios vendidos

nas farmácias portuguesa­s. E em dez destes estabeleci­mentos as vendas atingiram mesmo os 60%, que é a fasquia desejada para o conjunto do país.

Metade dos medicament­os vendidas nas farmácias já são genéricos. Os remédios sem marca têm uma quota nacional de 47,4% (percentage­m de unidades de medicament­os genéricos no total de medicament­os compartici­pados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas existem dez farmácias onde os valores são superiores aos 60% e mais de 700 com quota acima dos 50%. A Autoridade Nacional do Medicament­o (Infarmed) lançou uma nova campanha para aumentar as vendas: “De que marca é a sua infeção? Peça genéricos, não torne a saúde mais cara para todos.” É a quota de 60% que o governo traçou como objetivo nacional para o final da legislatur­a.

A venda de genéricos subiu 2,5% no ano passado: mais 1,5 milhões embalagens do que em 2014. Entre as 2793 farmácias do país, 1729 aumentaram o número de embalagens dispensada­s em 2014 e 2015. De acordo com os dados do Infarmed, no ano passado foram vendidas 64 milhões embalagens, no valor de 461 milhões de euros, quase mais 1,6 milhões de caixas do que em 2014. Mas em termos de quota de mercado a variação não foi muito significat­iva.

O objetivo de aumentar a quota foi estabeleci­do pelo ministro Adalberto Campos Fernandes, no Congresso da Associação Nacional das Farmácias. Contactado pelo DN, o gabinete do ministro da Saúde adiantou que “acabou de ser aprovada em Conselho de Ministros legislação relativa a farmácias comunitári­as, em que um dos objetivos primordiai­s é aprofundar e dinamizar a venda de medicament­os genéricos apostando na confiança e nas vantagens económicas para os cidadãos”. Uma das medidas já anunciadas para aumentar a venda destes medicament­os é o pagamento de um valor fixo por cada embalagem de medicament­os genéricos dispensada nas farmácias. Mais de 60% e outras com 30% Num estudo disponibil­izado pelo Infarmed, feito com base em dados de janeiro de 2015 a fevereiro de 2016, surgem já dez farmácias com uma quota de medicament­os genéricos por unidades superior a 60%, a maioria a sul de Lisboa. Redondo, Mértola, Serpa, Paredes, Almada, Portalegre, Seixal, Cinfães, Trofa e Tavira são os concelhos onde se situam as farmácias com as maiores quotas de genéricos. Fonte da Farmácia Nova de Mértola, em segundo lugar na lista (quota de 63,8%), disse ao DN que “o objetivo é facultar medicação às pessoas com o menor custo”. “Tentamos incutir genéricos tendo em conta que fazem a mesma coisa e representa­m um custo menor. Aqui, têm tido sempre boa aceitação”, acrescento­u.

Nos últimos lugares da tabela existem cinco farmácias que não chegam a ter uma quota de 30% de genéricos: duas em Lisboa, duas em Castelo Branco e uma no Porto. Mais generaliza­da, diz o Infarmed, é a quota de 50%, que foi ultrapassa­da por mais de 700 farmácias. Para um cresciment­o cada vez maior do uso de genéricos, o Infarmed lançou a campanha “Peça genéricos, não torne a saúde mais cara para todos”.

O Infarmed explica que o objetivo é “garantir o acesso ao tratamento mais adequado, com a máxima poupança para todos os utentes e para o SNS”. A iniciativa alerta para que, “se uma doença, uma dor ou uma infeção não têm marca, também os medicament­os não têm de ser de marca para ter a mesma eficácia, qualidade e segurança”.

Existem no mercado português milhares de genéricos para doenças do estômago, colesterol, asma, problemas cardíacos, sistema nervoso central, antibiótic­os. Os preços são variados, mas a escolha abaixo dos cinco euros é muita. Porém, este tem sido um percurso difícil em Portugal, onde a venda de remédios sem marca começou muito mais tarde do que noutros países. Em 2001, o consumo de genéricos rondava 1%, quando a média europeia já era de 15%. Nessa altura a Alemanha já tinha uma quota de 38% e a Finlândia de 32%. Foram lançadas várias campanhas para aumentar as vendas: em 2006 a quota nacional era de 9,6%, três anos depois era de 15,9% e em 2011 passou para 21,6%.

Rui Nogueira, presidente da associação dos médicos de família, acredita que a partir de agora a progressão será mais lenta. “Tudo depende da quantidade de medicament­os que vão perder a patente”, diz, acres- centando que “no início prescrevía­mos menos genéricos porque também eram poucos os disponívei­s” (ver entrevista).

Em quatro anos, a venda de genéricos em ambulatóri­o permitiu ao Estado e aos portuguese­s uma poupança de 232 milhões de euros. De 2011 a 2015, o SNS poupou 143 milhões e os utentes 89 milhões de euros. No mesmo período, aumentou 10,8% o número de embalagens de genéricos vendidas em Portugal, tendo a quota de mercado passado de 36,2% para 47% no final de 2015, estando agora em 47,4%. O preço médio dos genéricos caiu 37,5%.

O ano não começou da melhor maneira uma vez que diminuiu, ainda que ligeiramen­te, o número de embalagens de genéricos vendidas em Portugal. De acordo com a informação divulgada em maio pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde da Associação Nacional de Farmácias, “a poupança gerada pelo recurso a medicament­os genéricos recuou 6,3% no primeiro trimestre de 2016, quando comparado com igual período de 2015”. No referido período, o Estado terá poupado 106,5 milhões de euros, menos 7,1 milhões do que no primeiro trimestre do ano passado.

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