Diário de Notícias

200 mil no Meo Sudoeste

Recorde de público na Herdade da Casa Branca. Em 2017, uma grande festa vai celebrar os 20 anos.

- MIGUEL JUDAS

Os campistas adiam até à última hora a entrada no recinto em festas improvisad­as

Foi uma noite histórica, a que se viveu no sábado no Meo Sudoeste. Pelo calor, a fazer esquecer o habitual vento e frio, pelo fogo-de-artifício a festejar a vigésima edição, mas especialme­nte pelo concerto de Sia, se é que assim se pode chamar à performanc­e cénica da artista australian­a, que levou 48 mil pessoas à Herdade da Casa Branca, naquele que foi o dia mais concorrido do festival. Mas vamos por partes, porque não é todos os dias que se assiste a um espetáculo assim. Sozinha, cantando sobre um fundo sonoro pré-gravado, Sia permaneceu imóvel a um canto, enquanto dava todo o protagonis­mo ao corpo de bailarinos que a acompanhav­a e replicava em palco, com total exatidão, as imagens dos vídeos, também eles pré-gravados, exibidos nos ecrãs gigantes.

Confuso? Para o público também foi, que demorou a perceber que o que passava nos ecrãs não era propriamen­te o que estava a acontecer em palco, mas parecia, tal a exatidão de todos os movimentos e dos parcos cenários – uma mesa ou uma cadeira, sempre num ângulo certo. Só mesmo quando se reconhecer­am no vídeo as caras do ator americano Paul Dano e da sua compatriot­a e também atriz Kristen Wiig é que muitos compreende­ram o que estava a acontecer. Sim, foi um concerto, mas também foi uma performanc­e, que misturou música, teatro e dança para contar uma história sob a forma de canções. E são elas, independen­temente do modo como foram apresentad­as, que o público quer ouvir – e cantar.

Começou com Alive, escrita para Adele, e continuou com Diamonds, um êxito populariza­do por Rihanna, mas também da sua autoria, mas foi só quando se ouviu o começo de Cheap Thrills, um dos grandes sucessos deste verão, que o público realmente acordou. E assim continuou até ao final, entoando em coro temas como Elastic Heart ou Chandelier, enquanto Sia permanecia, imóvel, lá ao fundo, de onde se despediu no final com um simples “obrigada”, antes de desaparece­r de vez na escuridão do palco.

Antes, já haviam passada pelo palco principal do Meo Sudoeste Diogo Piçarra e James Morrison. E se o segundo fez exatamente o que se esperava neste seu regresso ao Sudoeste, embalando o público com a sua voz rouca e baladas como IfYou Don’tWanna Love Me ou You Give Me Something, o primeiro foi claramente uma das grandes e mais agradáveis surpresas da noite. Não só pelo modo eufórico como foi recebido pela ala feminina do público, mas especialme­nte por ter mostrado que o seu universo musical não se limita a um par de baladas com potencial para novelas. O cantor algarvio, antigo vencedor do programa Ídolos, começou por surpreende­r com a versão do samba Mas Que Nada, dando o mote para um concerto no qual se assumiu como um dos mais sólidos (e ecléticos) artistas da nova geração da pop nacional. A prova disso mesmo está, por exemplo, nos convidados com que se fez acompanhar. Gente como Isaura, na interpreta­ção da balada Meu É Teu, do rapper algarvio, e o amigo RealPunch ou do coletivo Karetus, com quem colabora regularmen­te e cuja eletrónica se lhe juntou na última parte do concerto, dando uma nova roupagem, bem mais arriscada, ao êxito Tu e Eu.

Quase ao mesmo tempo, mas no Palco Santa Casa, um outro português, de seu nome João Pedro Pais, era também protagonis­ta, ao conseguir a maior enchente neste espaço de todo o festival. Um pouco mais além, no parque de campismo, a animação não era menor. São muitos os campistas que adiam até à última hora (leia-se até à chegada do DJ) a entrada no recinto, multiplica­ndo-se as festas ou os concertos improvisad­os um pouco por todo lado. Poucos, no entanto, conseguira­m bater o potente sistema sonoro daquela tenda cor de laranja, situada junto a um dos chuveiros, onde noite após noite se juntavam dezenas de pessoas a dançar.

 ??  ?? Como sempre, o rosto da cantora Sia ficou invisível. Nem a euforia do Meo Sudoeste a fez alterar o hábito de se cobrir com artefactos. O público bateu recordes, como se soube num primeiro balanço da empresa promotora
Como sempre, o rosto da cantora Sia ficou invisível. Nem a euforia do Meo Sudoeste a fez alterar o hábito de se cobrir com artefactos. O público bateu recordes, como se soube num primeiro balanço da empresa promotora

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal