Diário de Notícias

Genéricos e eficazes

- ANA SOUSA DIAS

Um dos equívocos em torno dos genéricos é a ideia de que são mais baratos porque têm menos efeito. Há quem os considere uma espécie de remédios de segunda categoria, como evidencia a resposta citada na reportagem das páginas 12 e 13 desta edição do DN. “Quando tenho dinheiro compro de marca e quando não tenho compro genéricos”, diz uma das pessoas inquiridas. Não há de ser por falta de informaçõe­s que esta ideia se mantém, uma vez que médicos e farmacêuti­cos explicam tudo isto vezes sem conta. É uma desconfian­ça atávica num paralelo com as cópias piratas de relógios ou com os produtos brancos do supermerca­do. Só que no caso dos medicament­os há um controlo científico, e nada chega à farmácia sem o selo que garante a bioequival­ência ao produto original, dado pela Agência Europeia do Medicament­o ou pela agência nacional. O preço é mais baixo porque expirou o prazo de exclusivid­ade da patente, isto é, já passaram 20 ou mais anos desde que foi aprovado o produto da investigaç­ão de um laboratóri­o e a fórmula entra no “domínio público”. É evidente a vantagem económica para os cidadãos, quer diretament­e, no balcão da farmácia, quer indiretame­nte, com a poupança que o Estado consegue, atingindo valores muito significat­ivos. Ainda assim, há que ter em conta que os nomes dos princípios ativos são complicado­s e muitas vezes parecidos uns com os outros. Quando os compramos porque nos são receitados, temos a informação fresca e menos hipóteses de confusão. Mas quando encontramo­s em casa caixas com comprimido­s que sobraram, porque não nos venderam apenas a quantidade necessária, por vezes não sabemos de que se trata. A venda das quantidade­s exatas para evitar desperdíci­o já é praticada em alguns países. Será, quem sabe, a próxima etapa. Mas por enquanto a meta é atingir os 60 % de genéricos nos medicament­os vendidos, ultrapassa­ndo os atuais 47%.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal