Diário de Notícias

Evaristo de Carvalho confia na vitória em 2.ª volta a solo

Candidato apoiado pela ADI do PM Patrice Trovoada denunciou o “boicote” dos candidatos da oposição, o atual presidente, Manuel Pinto da Costa, e Maria das Neves

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Minutos depois de depositar o voto na urna, no distrito de Água Grande, Evaristo de Carvalho garantia ontem que ia “ganhar com uma larga maioria de votos”, apesar do “boicote” dos candidatos da oposição à segunda volta das presidenci­ais em São Tomé.

Apoiado pela Ação Democrátic­a Independen­te (ADI), do primeiro-ministro Patrice Trovoada, Evaristo de Carvalho mostrou-se “tranquilo como sempre”. Citado pela Agência Noticiosa de São Tomé e Príncipe (STP-Press), criticou as candidatur­as do atual chefe do Estado, Manuel Pinto da Costa, e de Maria das Neves, o segundo e terceiro mais votados na primeira volta de dia 17 de julho, acusando-os de forjarem uma abstenção expressiva.

Pouco antes, Maria das Neves, que pediu a anulação da primeira volta, explicou à Lusa que não ia votar por não pretender “legitimar esse ato fraudulent­o”. “Eu tenho de ser coerente comigo mesmo. Não reconheci os resultados, pedi a anulação dos resultados da primeira volta e eu agora não vou legitimar este ato, não vou legitimar este ato fraudulent­o, portanto não vou votar”, disse Maria das Neves em conversa telefónica com a agência.

Evaristo de Carvalho foi o mais votado na primeira volta e tem a eleição garantida, depois de Manuel Pinto da Costa, presidente da República, ter recusado submeter-se novamente a votos, argumentan­do que “participar num processo eleitoral tão viciado seria caucioná-lo”.

Patrice Trovoada, primeiro-ministro e líder da ADI, já reconheceu que uma segunda volta com apenas um candidato não ajuda à imagem do país. E ontem sublinhou que “qualquer que fosse o resultado” da votação “Evaristo de Carvalho será um presidente bem eleito”. O chefe do executivo disse que a eleição de Evaristo Carvalho “vai permitir-nos trabalhar melhor para o bem dos são-tomenses”.

O chefe do governo votou na cidade de Guadalupe, capital do distrito de Lobata, onde disse ter visto “ainda nessa manhã deputados da nação a apelarem às pessoas para não irem votar”.

Em várias assembleia­s de voto, era visível a participaç­ão fraca dos eleitores, o que ameaçava traduzir-se numa elevada abstenção nesta eleição, cuja primeira volta deu origem a uma crise política que obrigou a ONU a enviar para o arquipélag­o o enviado especial do secretário-geral para a África Central, Abdoulaye Bathili. Este manifestou-se apreensivo com a situação em São Tomé, e pediu aos atores políticos para encontrare­m uma solução para a crise política dentro de uma atmosfera de “diálogo e vontade política”.

Na primeira volta, Evaristo de Carvalho, que tem o apoio do partido no poder ADI de que é vicepresid­ente, teve 34 522 votos, o que correspond­e a 49,88% dos votos expressos, seguido de Manuel Pinto da Costa, com 17 188 votos (24,83%), e Maria das Neves, com 16 828 (24,31%).

Um resultado recusado pelos dois outros candidatos, que acusaram a Comissão Eleitoral Nacional (CEN) e o governo de “fraude”, tendo pedido ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) a anulação do escrutínio.

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Evaristo de Carvalho venceu a primeira volta das presidenci­ais

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