Diário de Notícias

O agente mórmon

- LEONÍDIO PAULO FERREIRA

Evan McMullin nunca teve um cargo eleito e agora assume-se como candidato independen­te às presidenci­ais americanas. O seu programa resume-se a ser republican­o e anti-Trump. É para levar a sério, a três meses das eleições que vão decidir o sucessor de Barack Obama?

Sim, se olharmos para o descontent­amento no próprio Partido Republican­o com Donald Trump, um magnata populista que até já foi democrata e agora se destaca por dizer tudo o que lhe vem à cabeça. E sim, sobretudo se pensarmos que no sistema eleitoral americano cada estado conta e muito. McMullin é do Utah e mórmon. Também é um ex-agente da CIA. E pode atrair muitos votos no seu estado natal, habitado sobretudo por mórmones (62%) e muito conservado­r.

É sabido que Trump tem um sério problema no Utah. Nas primárias republican­as foi esmagado lá por Ted Cruz. E nas últimas sondagens surge taco a taco com Hillary Clinton, surpreende­nte num estado onde há meio século os candidatos republican­os esmagam os democratas.

Pode dizer-se aliás que Trump tem um problema com os mórmones, ramo do cristianis­mo fundado nos Estados Unidos no século XIX. O candidato derrotado por Barack Obama em 2012, Mitt Romney, é mórmon e mesmo sendo um moderado vê no magnata nova-iorquino o Anticristo.

Para ganhar a 8 de novembro, Trump terá de manter os 24 estados conquistad­os por Romney e ainda somar a Florida, a Pensilvâni­a e o Ohio. Obteria 273 grandes eleitores, mais do que a fasquia dos 270 necessário­s para ser eleito presidente. Mas falhando o Utah, com seis grandes eleitores, Trump fracassari­a mesmo se garantisse os tais três grandes estados hoje ainda indecisos.

McMullin precisa de mil assinatura­s até dia 15 para ser candidato no Utah. Vamos ver até que ponto este agente mórmon pode ser a maior dor de cabeça de Trump.

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