CDS aperta Rocha Andrade e quer reunir já Parlamento
Galp. Ferro convocou líderes parlamentares mas centristas querem reunir Comissão Permanente esta semana. “País está atónito”, dizem
O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, convocou para hoje à tarde uma reunião da conferência de líderes – para acertar as próximas etapas do calendário parlamentar –, interrompendo as férias dos presidentes das bancadas, que promete ser tão quente como estes dias de calor.
O CDS vai insistir na necessidade de reunir a Comissão Permanente – um “miniparlamento” convocado “fora do período normal de funcionamento da Assembleia” – para debater a alegada “falta de transparência” nas viagens ao Euro de futebol de secretários de Estado a convite da Galp, nomeadamente o dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade. “Faltam esclarecimentos do governo”, atirou o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, que confirmou ao DN ir insistir na necessidade de ser convocada a Comissão Permanente “de preferência ainda esta semana”, “quinta ou sexta-feira” ou então, “no início da semana que vem”.
Os centristas recusam-se a esperar pela reunião de 8 de setembro deste órgão máximo que reúne o “presidente da Assembleia, vice-presidentes e deputados indicados por todos os partidos”. “O país está atónito com aquilo que se tem passado na Galp”, disse Nuno Magalhães, para justificar a urgência do partido. O presidente da bancada do CDS espera que a sua iniciativa não seja bloqueada à esquerda. “Certamente que não nos passa pela cabeça que BE e PCP não aprovem [o requerimento centrista]. À semelhança do que fizeram no passado”, apontou Magalhães.
Rocha Andrade é o alvo imediato do CDS, que também quer atingir o primeiro-ministro, António Costa. Já no passado dia 5 de agosto, a presidente centrista, Assunção Cristas, criticou o silêncio de Costa. “O CDS pensa que a atitude do primeiro-ministro, até agora, é inadmissível. Não se pode esconder, não dizendo nada, o que significa que se tornou conivente com esta situação. Ficámos a saber que o primeiro-ministro acha que tudo se resolve devolvendo o dinheiro”, afirmou.
Já o PSD deve acompanhar o pedido do seu antigo parceiro de coligação. Na última sexta-feira, o deputado (que preside à Comissão Eventual da Transparência) Fernando Negrão também apontou o dedo a Costa. “Queria acrescentar o silêncio do primeiro-ministro. Não pode continuar em férias dizendo que nada dirá. Tem responsabilidades muito especiais nesta área, estamos a falar de ética na governação.”
A incógnita está à esquerda. O regimento da Assembleia estabelece que “as decisões da conferência de líderes, na falta de consenso, são tomadas por maioria, estando representada a maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções”.