Diário de Notícias

Rasto de fumo chega a Lisboa. Níveis altos de partículas no ar

POLUIÇÃO A associação ambientali­sta ZERO diz que há concentraç­ões elevadas de partículas no Norte e Centro do país devido aos fogos

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O fumo dos incêndios que devastam as florestas de Portugal e que é visível em imagens de satélite da NASA/Caltech chegou a Lisboa ontem de madrugada. A capital acordou coberta de fumo, devido aos ventos fortes, que arrastaram resíduos dos incêndios do Norte e Centro do país.

Segundo Graça Freitas, subdiretor­a-geral da Saúde, o fumo que se fez sentir na capital poderá ter tido algum efeito sobretudo “em quem tem asma ou outras patologias crónicas”, mas o impacto não terá sido significat­ivo, “uma vez que a exposição não foi muito elevada nem intensa”, pois a cidade não era o epicentro do incêndio. Para a população em geral, não terá causado problemas.

“As crianças, os doentes com patologia respiratór­ia crónica e os idosos” são, segundo Graça Freitas, os mais vulnerávei­s. Ao atingir a traqueia e os brônquios, o fumo provoca fenómenos de inflamação e inchaço. “Pode haver um aumento de secreções, com risco de obstrução e de se instalar uma infeção”, esclareceu Graça Freitas. Daí que, se houver alguma “dificuldad­e respiratór­ia ou pieira”, deva ser procurada ajuda médica. Se for possível, “o melhor é permanecer em casa e evitar a exposição.

Dependendo das condições atmosféric­as, o fumo pode ficar no local do incêndio ou estender-se, como aconteceu. João Branco, presidente da Quercus, estima que os incêndios dos últimos dias tenham “libertado milhões de toneladas de carbono” para a atmosfera, “com um importante efeito de estufa”. Por outro lado, “as cinzas afetam momentanea­mente o clima porque estão em suspensão e não deixam passar a luz solar”.

Se em Lisboa já é normal existir um nível elevado de partículas no ar, no Norte e Centro do país isso estará relacionad­o com os incêndios que não têm dado descanso aos bombeiros nos últimos dias. A informação foi avançada ao DN por Carla Graça, da associação ambientali­sta ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentáve­l, que deu alguns exemplos de locais onde o nível de partículas excedeu as 50 micrograma­s por metro quadrado, considerad­as o limiar de risco para a saúde.Vila do Conde chegou ontem aos 113,Valongo aos 78 e Santa Cruz de Benfica aos 101. A Avenida da Liberdade, “uma zona de muito tráfego”, atingiu ontem as 76 micrograma­s por metro quadrado. Além dos efeitos imediatos, os incêndios podem vir a ter repercussõ­es mais tarde. Carla Graça lembra que “com a chuva, haverá arrastamen­to de partículas para as linhas de água”. JOANA CAPUCHO

Crianças, idosos e doentes crónicos são os mais sensíveis ao fumo

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Lisboa acordou sob um manto de fumo a fazer lembrar o smog

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