Uma nova vista sobre Lisboa a partir da ponte por sete euros
Elevador e centro de interpretação inserem-se nas comemorações dos 50 anos da obra e implicam investimento de 4,3 milhões de euros. Miradouro vai ser construído no pilar 7
Por sete euros os lisboetas vão passar a ter uma vista da cidade que só tinham quando passavam na Ponte 25 de Abril. A 80 metros de altura vai nascer o miradouro panorâmico no pilar 7 da estrutura, que vai custar 4,3 milhões de euros e que os responsáveis esperam poder inaugurar daqui a um ano. A nova atração turística da cidade, que vai ser gerida pela Associação de Turismo de Lisboa (ATL), vai ter espaços de visita virtual e uma loja e foi apresentada ontem.
Os visitantes vão poder desfrutar de uma nova vista sobre a cidade, especialmente sobre “a Lisboa dos Descobrimentos”, como anunciou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, na apresentação do projeto. A cerimónia decorreu precisamente no pilar 7, na Avenida da Índia. As obras ainda não começaram – está a decorrer o concurso público para adjudicação – mas o espaço já se mostrou pequeno só para receber quem esteve na apresentação. A conferência decorreu com a maior parte da assistência de pé, sem espaço para circular, junto à porta e a dividir as atenções entre os discursos e o barulho do trânsito e dos comboios que ocasionalmente passam na ponte. Nova varanda a 80 metros Problemas que não vão afetar quem visitar a futura Experiência Pilar 7. A subida a 80 metros vai ser limitada a 20 pessoas de cada vez e quem aí chegar vai ter uma vista à altura do tabuleiro da ponte. A ATL, que vai explorar o espaço por 15 anos, espera receber 175 mil visitantes anualmente.
A nova “varanda” sobre Lisboa é o que o autarca considerou ser “uma oportunidade de enriquecer a cidade”. “É no fundo isto que acrescentamos à cidade 50 anos depois da construção da ponte”, resumiu Fernando Medina.
Também o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, defendeu que a criação desta atração turística “é uma importante valorização da própria ponte, mas também da cidade e da região”. Lembrando que esta obra foi fator de coesão territorial, o governante, que é “um orgulhoso filho da margem sul do Tejo”, sublinhou que esta “é uma ponte para hoje, mas para as próximas décadas também”. E deixou o desejo de que este projeto “seja um dos pontos de celebração e de referência no centenário”.
A construção do espaço que se apresenta como uma “experiência sensorial, física e intelectual” é a resposta aos “inúmeros pedidos” de quem queria filmar, fotografar e escrever livros sobre a ponte, explicou o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, José Serrano Gordo. Com este novo ponto de atração, a associação de turismo da capital espera também alargar a mancha de turistas, que agora se concentram em Belém e na Baixa.
Além da vista da cidade, no interior do Centro Interpretativo, os visitantes vão ter acesso à sala dos trabalhadores, onde vão existir projeções de 360º da construção da ponte e será projetada uma maquete suspensa da Ponte 25 de Abril, “envolta num ambiente luminoso de água”. Seguir exemplos internacionais Visível vai estar também a sala de amarração dos cabos de suspensão da ponte. Uma outra sala vai ter o chão e o teto em espelhos, criando a sensação de vertigem da escalada vertical da 25 de Abril. Enquanto a estrutura panorâmica é não só “um dos elementos de atração principal”, como segue os exemplos de outras estruturas como a Golden Gate Bridge (São Francisco, EUA), a Harbour Bridge (Sydney, Austrália) ou a Tower Bridge (Londres, Inglaterra).
A Ponte 25 de Abril comemorou no sábado 50 anos e este projeto esteve inicialmente planeado para ser inaugurado nessa data. No entanto, só agora foi apresentado, esperando os responsáveis que abra a tempo de encerrar as comemorações, que vão estender-se por um ano.
Quando foi construída, a Ponte 25 de Abril (que então foi batizada de Ponte Salazar e mudou de nome após a Revolução) era a maior estrutura metálica suspensa da Europa e a quinta maior do mundo. Foi a única travessia do Tejo em Lisboa até à inauguração da Ponte Vasco da Gama, em 1998.
Uma terceira ponte esteve pensada, mas Pedro Marques negou ontem a existência de projetos nesse sentido. “Vamos usufruir desta ponte e valorizá-la, isso sim.”