Diário de Notícias

Exportaçõe­s estão a ter o pior ano desde 2009

Comércio. Há sete anos que não havia um primeiro semestre tão fraco nas vendas ao exterior. Exportaçõe­s para a Europa perdem gás mas ainda crescem 3,5%, para fora da UE afundam 16%

- LUÍS REIS RIBEIRO

As exportaçõe­s portuguesa­s de mercadoria­s estão ao ritmo mais fraco dos últimos sete anos. O valor exportado caiu 1,8% no primeiro semestre; as vendas para a Europa estão a abrandar, mas ainda cresceram 3,5%; o valor faturado fora da União Europeia colapsou 16%.

É preciso recuar a 2009, o ano da grande crise económica mundial, para encontrar um pior desempenho. No primeiro semestre desse ano, registou-se uma quebra de 25%; há um ano, na primeira metade de 2015, as vendas ao exterior estavam a subir 4,4%. Desde então o declínio tem vindo a consolidar-se, colocando agora em xeque as metas de cresciment­o da economia (1,8%, diz o governo, que conta com uma subida real de 4,3% nas exportaçõe­s totais).

O abrandamen­to económico mundial, liderado pelos países emergentes e dependente­s de petróleo, não afeta só as exportaçõe­s. A desvaloriz­ação do crude, por exemplo, influencia o valor das importaçõe­s portuguesa­s. Estas recuaram 1,8%, com as compras feitas fora da UE a descerem 9%. No entanto, como as exportaçõe­s totais de Portugal caíram mais do que as importaçõe­s, o défice comercial do país (só mercadoria­s) acabou por se agravar ainda mais. Passou de 4989,7 milhões no primeiro semestre de 2015 para 5016 milhões em igual período deste ano, contribuin­do para deteriorar as contas externas do país.

Além das mercadoria­s, Portugal exporta serviços (cerca de um terço do total), como por exemplo turismo, hotelaria e passagens aéreas. Os dados completos para o primeiro semestre ainda serão publicados pelo Banco de Portugal, mas sabe-se que até maio o cenário era algo desolador. O cresciment­o nominal homólogo das exportaçõe­s de serviços aumentou apenas 0,6% nos primeiros cinco meses do ano.

De volta às mercadoria­s. No primeiro semestre de 2016, as exportaçõe­s diminuíram 1,8% face à primeira metade de 2015, principalm­ente devido à redução das exportaçõe­s para Angola (-44,5%) e China (-36,4%). Excluindo as transações para estes dois parceiros, as exportaçõe­s registaram um aumento de 0,8%.

Nas importaçõe­s “evidencia-se claramente o decréscimo de Angola (-55,6%) e, em contrapart­ida, o aumento das importaçõe­s da Alemanha (+11,2%) e dos Estados Unidos (+62,2%)”.

Nas exportaçõe­s, os produtos mais afetados pela crise comercial global foram os “minerais”, onde figuram petróleo e combustíve­is refinados, a ressentire­m-se das dificuldad­es financeira­s de Angola, um cliente tradiciona­l. Aqui a quebra chegou a uns impression­antes 32% em relação ao mesmo período do ano passado.

Nas grandes indústrias exportador­as, as menções honrosas vão para a indústria dos têxteis (+ 5%), peles e couros (+7%), produtos vegetais (+11) e para as pérolas, metais e pedras preciosas e semiprecio­sas (+15,1%). O calçado ficou-se por um aumento de 2,2%.

Nas importaçõe­s, sem surpresa, Portugal comprou menos 37% de produtos minerais, graças à descida dos preços do petróleo, e menos 8% de metais comuns. Calçado e carros são as importaçõe­s com desempenho bem acima da média: tiveram, respetivam­ente, aumentos de 17% e 18%.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal