Malparado na habitação atinge máximos históricos
CRÉDITO Empréstimos para compra de casa atingiram valor mais alto desde 2011, mas nunca houve tanto crédito em incumprimento
Os bancos estão a reabrir a torneira do crédito e a emprestar mais às famílias, mas o incumprimento é cada vez maior. Em junho, a banca emprestou 587 milhões de euros para a compra de casa, o valor mais elevado desde março de 2011. Contudo, o crédito malparado atingiu o nível mais elevado de sempre.
Os dados divulgados ontem pelo Banco de Portugal mostram que, de maio para junho, o crédito em incumprimento na habitação aumentou em 70 milhões, ultrapassando o máximo histórico registado em novembro de 2014. Contas feitas, o malparado totalizou 2629 em junho, mais de 2,7% do total de crédito à habitação em stock.
O aumento do malparado não demoveu os bancos de emprestarem mais às famílias para compra de casa. Em junho, as novas operações de crédito à habitação totalizaram 587 milhões de euros, mais 18% do que os 497 milhões emprestados em maio. Além de estarem a emprestar mais, os bancos estão a emprestar mais barato. Em junho, as taxas de juro médias nas novas operações de crédito à habitação eram de 1,94%, abaixo dos 1,99% registados em maio. O ciclo de quedas mantém-se desde o início de 2015.
Já no crédito para consumo, foram concedidos 326 milhões em junho, mais um milhão do que em maio. Neste segmento, o crédito em incumprimento diminuiu em 80 milhões, ascendendo a 967 milhões, o equivalente a 7,6% do total de crédito em stock – este é o rácio mais baixo desde junho de 2010. A taxa de juro média caiu de 7,53% em maio para 7,45% em junho.
Contas feitas, o total de crédito concedido a particulares somava 118 404 milhões de euros no final de junho e o malparado 5122 milhões, uma redução de 4,7% face há um ano. Às empresas, os novos créditos totalizaram 2600 milhões, abaixo dos 3046 milhões de maio. O malparado entre as empresas ascendeu a 12 933 milhões, mais de 16% do crédito total em stock.
Quanto aos depósitos, manteve-se a tendência de crescimento que já se verifica há vários meses. Em junho, os depósitos de particulares subiram 1309 milhões, para 140,7 milhões de euros.