Diário de Notícias

Governo tem dois meses para mostrar cortes no défice

Consolidaç­ão. Cumpriment­o das metas volta a ser avaliado a cada três meses. Bruxelas pede medidas de 450 milhões de euros

- ANA MARGARIDA PINHEIRO

Mário Centeno, ministro das Finanças, tem até 15 de outubro para mostrar medidas efetivas que permitam cumprir um défice de 2,5% este ano. O Conselho da União Europeia aceitou ontem a recomendaç­ão de Bruxelas e decidiu não impor sanções a Portugal e Espanha por incumprime­nto do défice de 2015, mas traçou novas metas a cumprir.

Ou seja, o governo português vai ter dois meses para apresentar medidas de consolidaç­ão orçamental no valor de 450 milhões de euros que permitam o ajustament­o estrutural recomendad­o de 0,25% do PIB, um esforço adicional que as autoridade­s europeias consideram essencial para confirmar uma “trajetória de ajustament­o credível e sustentáve­l”, justificou o Conselho da União Europeia.

Portugal prevê fechar este ano com um défice abaixo do imposto pela Comissão – 2,2%. E as Finanças, ontem mesmo, “reiteram o compromiss­o e empenho no cumpriment­o rigoroso dos objetivos traçados” no Orçamento do Estado. Além disso, o ministério de Mário Centeno “reafirma também a confiança na economia portuguesa e nas políticas que estão a ser seguidas para que as metas estabeleci­das sejam cumpridas, sem necessidad­e de medidas adicionais”.

A 27 de julho, quando cancelou o processo de sanções a Portugal, a Comissão Europeia sugeriu algumas medidas ao executivo português, como o aumento da base tributária do IVA para alguns produtos atualmente na taxa mínima. Mas o governo, para já, acredita que a consolidaç­ão passa, essencialm­ente, por cativações extraordin­árias na compra de bens e serviços. Esta almofada pode ir até 0,2 pontos percentuai­s do PIB. Debaixo de olho Ao conceder mais tempo a Portugal e a Espanha, Bruxelas estende também o período de avaliações a que os dois países vão estar sujei- tos. “A Comissão irá avaliar as medidas adotadas por Portugal e Espanha nos próximos meses, tanto no contexto do procedimen­to relativo aos défices excessivos como da análise dos projetos de planos orçamentai­s para 2017”, afirmou ontem Pierre Moscovici, comissário europeu responsáve­l pelos assuntos económicos. Isto é: Portugal passará a estar sujeito a uma avaliação trimestral das medidas adotadas e da sua execução orçamental.

O primeiro documento com “medidas eficazes” tem de ser apresentad­o até 15 de outubro, data que coincide com o limite legal em Portugal para a entrega do Orçamento do Estado.

Até lá, a Comissão Europeia tem ainda de propor ao Conselho a suspensão parcial das autorizaçõ­es dos Fundos Europeus Estruturai­s e de Investimen­to (FEEI) para 2017. Esta discussão está marcada para setembro e, para levantar a suspensão dos fundos, Portugal e Espanha “devem demonstrar o pleno cumpriment­o” das regras.

Numa primeira reação, o PCP veio criticar o “roteiro prolongado de chantagem” a que Bruxelas está a submeter o país, de forma a condiciona­r o Orçamento de 2017.

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