Revitalização. Soares da Costa pede proteção de credores
Construção. Administração diz que PER é a melhor solução para todos. Trabalhadores têm dúvidas
A Soares da Costa requereu ontem, no Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia, um processo especial de revitalização (PER) ao abrigo do Código de Insolvências e de Recuperação de Empresas. A construtora diz que a decisão “é aquela que melhor protege os interesses dos trabalhadores, dos credores em geral, dos clientes e também o futuro da empresa”. Joaquim Fitas, o CEO, argumentou, em declarações à Lusa, que o PER cria condições para que sejam “desbloqueados os meios financeiros, nos próximos dias, para regularizar a situação dos trabalhadores com salários em atraso”. Por pagar estão cinco meses de salários aos trabalhadores em Portugal e oito aos angolanos. Mas as estruturas sindicais não estão “nada otimistas”, porque se “contam pelos dedos” os casos de sucesso de empresas que sobreviveram ao PER.
A Soares da Costa destaca também as diligências desenvolvidas no último ano e meio com vista à manutenção da atividade, designadamente na reestruturação interna, cujos custos de estrutura foram “reduzidos em cerca de 30%”. Em simultâneo, diz a construtora, “lan- çaram-se as bases para um mais vasto plano de realocação e redução de recursos, condição fundamental para a viabilização da empresa. E não menos importante, diz, a atividade operacional registou um incremento assinalável, tendo sido adjudicadas nos últimos meses diversas novas obras num valor total de aproximadamente 200 milhões de euros, distribuídas por Angola, Moçambique e Portugal”.
Mas o anúncio do PER já fez “vítimas”. Ontem, a SDC Investimentos, de Manuel Fino (na foto), veio comunicar ao mercado a suspensão das negociações com António Mosquito para a venda dos 33,3% que detém na Soares da Costa. “Com o anúncio do PER não há condições para prosseguir porque há muitas responsabilidades cruzadas junto dos bancos. Se fosse só o acordo entre as partes já tinha sido feito.”