Diário de Notícias

Rivera pede a Rajoy luta séria contra corrupção para viabilizar governo

Mesmo que tenha apoio do líder do Ciudadanos, Rajoy continua a precisar da abstenção do PSOE de Sánchez

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ESPANHA Fixar um dia e uma hora para o debate de investidur­a, apostar de forma inequívoca na regeneraçã­o da classe política espanhola e lutar contra a corrupção no país. Estas são as exigências deixadas por Albert Rivera a Mariano Rajoy como condição para que o seu partido, o Ciudadanos, viabilize um governo chefiado pelo líder do Partido Popular.

Numa comparênci­a perante os jornalista­s, ontem à tarde, Rivera disse estar disposto a apoiar um novo executivo Rajoy se este fixar “data, hora, votação” para o debate de investidur­a. “Podemos fazer este país andar para a frente se houver uma aposta na regeneraçã­o e na luta contra a corrupção”, disse o líder do Ciudadanos, enumerando seis condições para apoiar um novo governo – as quais disse ter enviado ao primeiro-ministro em funções antes de falar aos media.

A primeira condição é o distanciam­ento imediato de qualquer dirigente de um cargo público acusado de corrupção política, a segunda é o fim da imunidade para os políticos, a terceira que a nova lei eleitoral tenha maior proporcion­alidade, a quarta que se acabe com os indultos por corrupção política, a quinta que os mandatos sejam limitados a dois (máximo de oito anos no poder) e a sexta e última que seja investigad­a em sede parlamenta­r a alegada corrupção no PP (nomeadamen­te o caso Bárcenas).

A declaração de Rivera surge um dia antes da reunião prevista hoje com Rajoy no Parlamento. Esta será a segunda reunião entre os líderes do Ciudadanos e do PP desde que acordaram há uma semana manter canais de comunicaçã­o abertos entre si. Ontem, o vice-secretário do PP, Javier Maroto, dissera na rádio Cadena Cope que Rajoy está disposto a oferecer tudo ao líder do Ciudadanos para conseguir obter o seu apoio. “Não dizemos que não a nada”, declarou aquele responsáve­l.

Mesmo que consiga chegar a um acordo com Rivera, Rajoy continua a precisar de pelo menos a abstenção do PSOE no debate de investidur­a para ser aprovado como primeiro-ministro. Isto porque os 137 deputados eleitos pelos populares nas legislativ­as de 26 de junho, somados com os 32 dos Ciudadanos, não chegam para alcançar os 176 da maioria absoluta. Até agora, o líder do PSOE, Pedro Sánchez, tem indicado que o partido recusará apoiar novo governo Rajoy.

E enquanto os líderes dos principais partidos não conseguem pôr-se de acordo, uma nova sondagem indicou que, se houvesse terceiras eleições, a falta de maioria absoluta manter-se-ia. O PP voltaria a sair vencedor, mas só o PSOE conseguiri­a mais votos, revelou terça-feira o novo barómetro do Centro de Investigaç­ões Sociológic­as, CIS, citado pelos media espanhóis. O PSOE obteria 23,1% dos votos (a 26 de junho teve 22,7%). O PP teria 32,5%, quando há um mês teve 33,0%. A Unidos Podemos teria 19,6%, quando na votação anterior tinha conseguido 21,1%. O Ciudadanos também desce de 13% para 12%. A sondagem do CIS foi feita com base em 2500 entrevista­s, realizadas entre 1 e 11 de julho. PATRÍCIA VIEGAS

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