Boom. 33 333 festivaleiros e o Japão como convidado
O festival intercultural recebe pessoas de 154 países. Evento “representa uma enorme potencialidade económica”
CÉLIA DOMINGUES No recinto das festas de Alcafozes, a poucos metros da entrada do Festival Boom, Amandine Privé, Zaza, Baba (franceses de Avignon), Aragon (da Alemanha) e Aron (de Estrasburgo) improvisaram um miniparque de campismo. Esperaram dois anos para repetir a experiência de participar no Festival Boom, evento que está de volta aos cerca de 150 hectares da Herdade da Granja, em Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, de 11 a 18 de agosto. A multiculturalidade é a matriz deste festival bienal de cultura visionária realizado desde 2010 naquele concelho durante a Lua cheia de agosto.
A margem direita da albufeira da barragem de Idanha vai este ano receber boomers de 154 nacionalidades – mais que em 2014 –, recebendo como país convidado o Japão, para o qual foram disponibilizados 500 ingressos gratuitamente. Os franceses são os que estarão em maior número. “Quando vim pela primeira há dois anos sabia que tinha de voltar. Vou a outros festivais na Europa, de dança e de música, mas este é diferente. Pela organização, pelo cariz de sustentabilidade em que assenta o Boom”, justifica Amandine Privé. Ao seu lado, o casal Zaza e Baba refresca-se com um esguicho apropriado para regar flores e uma melancia produzida na campina de Idanha-a-Nova. Tudo é válido para suportar os 40 graus que por estes dias se registam neste território fronteiriço. “Não nos importamos com o calor. O festival tem o lago [barragem], tem duches, dá para nos refrescarmos. O convívio, o contacto com projetos inovadores de proteção ambiental, é o que nos atrai”, explicam.
O grupo de amigos, que se conheceram numa das muitas paragens na viagem até Idanha-a-Nova, ali prometia ficar, à sombra, até abrirem as portas do Boom Festival, hoje às 9.00. São esperados 33 333 festivaleiros que esgotaram a venda de ingressos colocados à venda, com preços entre os 120 e os 180 euros. Chegam em veículos próprios – muitos em carrinhas ou autocaravanas -, outros por transporte aéreo, optando por viajar no Boom Bus, até Idanha-a-Nova. Este ano o número de autocarros que partem dos aeroportos de Paris, Madrid e Lisboa bateu o recorde.
A organização conta com cerca de 190 autocarros que vão fazer o transporte de pessoas entre os aeroportos de Lisboa e de Madrid e Idanha-a-Nova e haverá também autocarros a fazer a ligação a partir de França (Paris), Suíça (Genebra) e Holanda (Amesterdão). Durante os dias do festival os festivaleiros ficam no parque de campismo do recinto ou nas unidades hoteleiras da região. Para além destas, também o Boom tem impacto no comércio ou nos transportes públicos. “O Boom é de Idanha, a empresa paga aqui os seus impostos, é uma das maiores empresas do nosso concelho e uma das maiores empregadoras”, frisa o presidente da câmara, Armindo Jacinto.
Na preparação do festival estiveram envolvidas cerca de 1500 pessoas, mais que em 2014. “No nosso staff privilegiamos sobretudo pessoas que residem na região, sendo 1 . 2. 3. A herdade da Granja volta a receber o Festival Boom, que tem na multiculturalidade a sua matriz fundadora. 4. Amandine, Zaza, Baba, Aragon e Aron assentaram arraiais a poucos metros do local e hoje deverão instalarse no recinto. Há dois anos que esperavam por estes dias e desejam conhecer projetos inovadores de educação ambiental que, pelo facto de sermos um evento internacional, temos de recrutar pessoas de todo o mundo. Calculamos cerca de 30 nacionalidades representadas no staff para a edição de 2016”, garante Artur Mendes, da organização a cargo da Good Mood, com sede em Idanha-a-Nova.
O Boom Festival cruza diversas correntes artísticas – pintura, escultura, land art, instalações interativas, música, videoarte ou artes plásticas – complementadas por um vasto cartaz de conferências, workshops, tertúlias e apresentações ligados a temas alternativos.