Diário de Notícias

Não há trégua olímpica: acusações de doping incendeiam as piscinas

NATAÇÃO Russa Efimova e chinês Sun Yang sob fogo dos adversário­s devido a suspensões do passado. “Parte-me o coração”, diz Phelps

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Se na Grécia Antiga as guerras ficavam temporaria­mente suspensas por ocasião dos Jogos Olímpicos, na atualidade não há lugar a tréguas olímpicas. E isso sente-se até no campo desportivo: a guerra contra o doping segue bem viva e a troca de acusações entre nadadores está a incendiar as piscinas do Rio 2016.

No rastilho da mais recente guerra verbal – que até já envolve Michael Phelps – esteve a presença e o desempenho da russa Yulia Efimova nas provas femininas de 100 metros bruços. Na madrugada de ontem, a russa – que esteve suspensa entre outubro de 2013 e fevereiro de 2015 (por uso do esteroide anabolizan­te DHEA) e já este ano acusou meldonium – conquistou a medalha de prata da distância, ficando apenas atrás da norte-americana Lilly King. No entanto, não se terá sentido bem-vinda: foi sucessivam­ente vaiada e assobiada pelo público do Estádio Aquático e alvo de duas críticas dos outros nadadores.

“As pessoas que foram apanhadas com doping não deviam fazer parte dos Jogos”, atacou a vencedora da final de 100 m bruços, Lilly King. “O desporto devia ser limpo. É triste que pessoas que testaram positivo, não uma mas duas vezes, ainda tenham oportunida­de de nadar nos Jogos Olímpicos. Isso parte-me o coração”, apontou, por sua vez, Michael Phelps.

Mesmo que o ícone norte-americano não tenha referido nomes, o alvo era claro:Yulia Efimova, que só no início dos Jogos Olímpicos soube que tinha mesmo autorizaçã­o para competir no Rio [por ter sido aceite o argumento de que os resíduos de meldonium detetados datavam do período em que a substância ainda era legal].“Na segunda vez não foi um erro meu. Se tomo alguma coisa que todos os atletas tomam e amanhã essa substância é banida, eu paro de tomar. Contudo, leva seis meses para sair do organismo. Se passam dois meses, sou testada e dá positivo, a culpa é minha?”, defende-se a russa.

No entanto, o caso Efimova não é ímpar: a atleta de Leste não foi a única a ficar com as orelhas a arder, sob acusações de uso de substância­s ilegais. O chinês Sun Yang – que também já estava suspenso por doping e na madrugada de ontem juntou o ouro de 200 m livres à prata de 400 m livres ganha no sábado – já fora chamado de “batoteiro” e “trapaceiro” pelo australian­o Mack Horton. E ontem o francês Camille Lacourt juntou-se ao coro. “Enoja-me ver aldrabões no pódio”, disse o gaulês, “muito zangado” por ter ficado em 5.º na final de 100 m costas, atrás do chinês Xu Jiayu.“SunYang mija roxo. Dá-me vontade de vomitar”, acusou ainda Lacourt, prolongand­o um clima bélico sem fim à vista. R.M.S.

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Efimova e King no pódio: uma trégua após o bate-boca do doping

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