Diário de Notícias

Marcelo solidário e Costa executivo

Presidente fez visita-relâmpago para confortar as vítimas dos incêndios e diz que missão de Costa “não é só de solidaried­ade, é executiva”

- PATRÍCIA GOUVEIA, jornalista do Diário de Notícias da Madeira

Fotografia­s queimadas no chão, paredes negras, centenas de destroços e um intenso cheiro a fumo. Foi o que Marcelo Rebelo de Sousa viu numa das dezenas casas que foram consumidas pelas chamas.

O Presidente da República esteve na região para se inteirar da situação caótica que a Madeira tem vivido nos últimos dias. À chegada disse que veio trazer “um abraço de Portugal” e visitou o que resta da habitação e oficina de António Pimenta, um morador da Alegria que perdeu “numa hora aquilo que demorou 50 anos a construir”.

“Não havia vento que aguentasse. Foram 50 anos de vida que acabaram numa hora. Nada resistiu ao fogo”, contava sob o olhar atento de Marcelo. “Custa ver o que o meu pai construiu desaparece­r, mas tivemos de optar pela vida”, disse o filho de António Pimenta.

O Presidente respondeu com um desejo: “Vai trazer-me para ver a sua nova casa.” Ao que o senhor Pimenta respondeu: “Convido e vamos comer um cabrito!”

No percurso do Presidente estavam incluídas duas paragens: nas Babosas e em São Roque, antes de terminar no RG3. Mas, ao seu estilo, não ficou pelo que estava delineado. Ao longo do percurso ia pedindo para parar e cumpriment­ar a população. Fotos, abraços, beijinhos e energias positivas foi o que a primeira figura do Estado deixava, para satisfação dos populares. “Graças a Deus, já passou” ou “Obrigada por ter vindo, Presidente”, diziam as pessoas a Marcelo Rebelo de Sousa.

A caminho dos locais mais atingidos, várias pessoas viam a comitiva presidenci­al passar, rodeada de polícia. Um homem chegou mesmo a gritar: “Ontem [na terça-feira] que era preciso não veio ninguém!”

O Presidente esteve acompanhad­o de Miguel Albuquerqu­e, presidente do governo regional, Paulo Cafôfo, presidente da Câmara Municipal do Funchal, Tranquada Gomes, presidente da Assembleia Regional, e Ireneu Cabral Barreto, o representa­nte da República para a Região. Ao longo do percurso pelas zonas afetadas iam fazendo um relato minucioso de onde o fogo começou, como avançou e como a situação de repente se agravou.

“Aquilo que se via nas televisões correspond­e à realidade e é possível ver como foi, como houve a mudança de vento, como houve focos diferentes e como aquilo que parecia controlado descontrol­ou-se em tão pouco tempo”, disse Marcelo.

Por várias vezes enalteceu a “coragem das populações, a eficácia, a solidaried­ade que houve entre todos os que aguentaram estes dias e noites em circunstân­cias muito difíceis”.

“Há focos que permanecem e a preocupaçã­o continua a ser as pessoas. As populações tiveram um comportame­nto excepciona­l. Outra lição é que já começaram a reconstruç­ão. E esse espírito é muito importante. O espírito de que é preciso olhar para amanhã sem deixar de estar atento para a situação atual, mas começar a reconstrui­r”, reforçou, lembrando que hoje chega António Costa. O primeiro-ministro vem com o ministro do Planeament­o para discutir as ajudas financeira­s que o Estado vai canalizar para a região. Marcelo diz que a missão do primeiro-ministro não é só de simpatia, é de trabalho.

“Amanhã [hoje] está cá o senhor primeiro-ministro. Precisamen­te a sua missão não é só de solidaried­ade, é executiva”, considerou, antecipand­o que António Costa se vai sentar “à mesa com o senhor presidente do governo regional e vão ver de onde vêm os fundos, se é da Europa, se é do Orçamento, para que situação de emergência”.

Segundo o Presidente da República, “feito o levantamen­to, feitas as contas, feito o somatório das necessidad­es, é preciso começar a reconstrui­r”.

 ??  ?? Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido na Madeira pelo presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerqu­e (à direita), e pelo presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo
Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido na Madeira pelo presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerqu­e (à direita), e pelo presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo

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