Madrugadas com muito vento dão força às chamas
CONTINENTE Ao fim do dia ardiam 13 grandes fogos no continente. Maioria eram reacendimentos e mobilizavam mais de 5000 homens
O vento está a ser um dos piores inimigos dos bombeiros e parece não dar tréguas. A Proteção Civil esperava uma madrugada de muito vento, à semelhança do que aconteceu na de quarta-feira. Em vez de a noite servir como habitualmente para acalmar as chamas, o vento forte acabou por trazer mais trabalho, ao provocar vários reacendimentos.
Depois de um dia em que mais de cinco mil operacionais estiveram no terreno a fazer face a 394 incêndios, segundo os dados da proteção civil, a situação ainda era preocupante em Águeda e Gondomar. Às 20.40, a Autoridade Nacional de Proteção Civil classificava 13 incêndios como “ocorrências importantes”.
As chamas, que lavraram ao longo do dia de ontem, acabaram por provocar a morte a um turista alemão, em Ferreira do Zêzere. O homem não sobreviveu ao incêndio que começou precisamente na caravana onde estava alojado. O fogo começou debaixo de um telheiro, cerca das 03.40, emVale Serrão, na freguesia de Nossa Senhora do Pranto (Dornes), onde estava estacionada a caravana, com um único ocupante, de 40 anos, indicou à Lusa o responsável da Proteção Civil do município de Ferreira do Zêzere. Este fogo, que foi extinto uma hora depois do seu início, destruiu ainda uma carrinha da junta de freguesia e dois jipes dos sapadores florestais, estacionados junto à caravana.
Estava apagado, mas voltou em força, durante a noite de quarta-feira, o incêndio que teve início às 14.55 de segunda-feira, em São Pedro da Cova, Gondomar, alastrando-se à freguesia de Foz do Sousa. Ao final da tarde, três focos “ameaçavam casas e fábricas”. “Temos noção de que não há mais meios nem materiais nem humanos no que diz respeito a bombeiros. Mas os meios aéreos falharam. Estive desde manhã a solicitar meios aéreos pesados que não chegaram. Se tivessem chegado, os incêndios que lavram em Gondomar tinham sido muito mais fáceis de resolver”, referiu o presidente da câmara local, Marco Martins, à Lusa. A tentar pôr fim às chamas estiveram 225 operacionais e um meio aéreo. Os bombeiros concentraram o trabalho na defesa das casas dos habitantes de Gens. Cerca de cem pessoas foram deslocadas, mas ao longo do dia foi-lhe autorizado o regresso a casa.
Sem fim à vista estava também o incêndio em Águeda – começou na madrugada de segunda-feira –, que se aproximava da cidade. O vento forte durante a madrugada voltou a dar força às chamas que quase foram declaradas extintas, o que deixou os bombeiros numa situação difícil. “Estamos a precisar urgentemente de meios aéreos pesados. Já pedimos várias vezes, mas calculamos que os pedidos serão tantos que não há vazão para tudo”, dava conta ao início da tarde de ontem, o comandante dos Bombeiros de Ílhavo, Carlos Mouro. Durante o dia havia quatro frentes ativas, entre as quais a que se dirigia para a cidade, mas que os bombeiros esperavam controlar durante a noite.
Em Castanheira de Pera, 338 operacionais e dois meios aéreos combatiam as chamas. Também aqui se tratou de um reacendimento, que ao início da noite tinha três frentes ativas. Em Arouca, os passadiços do Paiva chegaram a ser evacuados, por precaução, e as chamas ainda davam trabalho a 180 elementos. Desde as 14.35 de segunda-feira que arde uma área de mato.
Estes focos de incêndio acabaram ainda por condicionar o trânsito em três autoestradas (A25, A28 e A43) e três estradas nacionais (EN16, EN230 e EN336). A.B.F.