Deverão os meios militares ser usados no combate aos fogos?
Começou a época quente e invariavelmente começou a época dos fogos que flagelam o país de norte a sul. Todos os anos se repete o mesmo fado. As Forças Armadas possuem capacidades que podem ter uso civil. Há alguns anos iniciámos na UE a elaboração de um Catálogo de Capacidades e Meios para a Proteção (defesa) Civil. Aí foram listadas as capacidades civis e militares oferecidas pelos diversos Estados membros, que em caso de necessidade pudessem ser pedidas para uso em emergências. Em Portugal deveria fazer-se um Catálogo do género, integrando as Capacidades e Meios Civis e todas as Capacidades e Meios Militares com possibilidades de uso civil. Só depois de listadas e de se saber onde estão, quem as possui e pode disponibilizar é que deveriam ser feitos alugueres ou aquisições de meios que não existam. Estariam nesse catálogo meios da Força Aérea com capacidade para, com uma pequena adaptação, poderem ser usados na prevenção e no combate aos fogos. Recordo que, há alguns anos, os C-130 foram usados com um kit específico para efetuar esse combate, o qual, pelo que sabemos, apodreceu e está inoperacional. No Exército há vários meios de engenharia e outros capazes de ajudar no combate ao flagelo dos fogos. O Exército também pode participar mais se tiver alguns apoios logísticos, em termos de infraestruturas que podem ser disponibilizadas pelo poder local, para que algumas unidades em treino operacional possam cumprir a sua missão e concomitantemente vigiar o território em locais pré-determinados 24 sobre 24 horas, contribuindo assim para a prevenção dos fogos. Um país em profunda crise financeira tem de usar eficientemente e eficazmente os meios de que dispõe, pois só assim se podem rentabilizar os recursos existentes e se evitam dispêndios de recursos humanos e financeiros desnecessários.