Diário de Notícias

Presidente Duterte insulta embaixador dos EUA

Chefe de Estado ameaça decretar lei marcial para combater tráfico e quer sepultar no cemitério dos heróis o ex-ditador Marcos

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FILIPINAS. Está instalado um conflito diplomátic­o entre as Filipinas e os Estados Unidos. Em declaraçõe­s transmitid­as pela televisão, o presidente Rodrigo Duterte atirou-se a Philip Goldberg, embaixador norte-americano no país, chamando-o de “gay filho da puta”.

O antagonism­o entre os dois remonta a abril, quando Duterte estava em campanha eleitoral para as presidenci­ais – que venceu a 9 de maio, tendo tomado posse a 30 de junho. Numa ação eleitoral, o agora presidente filipino foi apanhado em vídeo a comentar um caso de violação, ocorrido em Davao, município que então governava, que vitimou uma missionári­a australian­a em 1989. Duterte, depois de lamentar o ocorrido, disse que Jacqueline Hamill era muito bonita e que estava aborrecido com os violadores porque deveriam ter dado primazia ao dirigente da cidade. Goldberg criticou violentame­nte as palavras de Rodrigo Duterte e a partir daí a relação azedou.

Numa outra polémica recente, o presidente filipino ameaça decretar o estado de lei marcial no país. No início desta semana, Duterte revelou uma lista com o nome de 159 juízes, políticos, polícias e militares alegadamen­te envolvidos no tráfico de droga. Deu-lhes 48 horas para se entregarem, ou, caso contrário, seriam perseguido­s pelo exército.

Em reação à atitude do presidente, a chefe do Supremo Tribunal de Justiça, Lourdes Sereno, questionou a divulgação de nomes, chamou a necessidad­e para a separação de poderes e sublinhou que apenas os tribunais têm autoridade para fiscalizar os juízes. Duterte não esteve com meias medidas: “Preferem que decrete a lei marcial?”. De acordo com a imprensa local, desde que o novo presidente tomou posse, pelo menos 564 pessoas com ligações ao tráfico de droga terão sido mortas.

Se Duterte fosse em frente com a ameaça, seria a segunda vez que as Filipinas ficariam debaixo da lei marcial. Entre 1972 e 1981, o presidente Ferdinando Marcos fez o mesmo e governou com pulso de ferro. Outras das polémicas que atualmente ocupam a atenção no país prende-se exatamente com a intenção de Rodrigo Duterte de trasladar para o cemitério dos heróis nacionais os restos mortais do ex-ditador. J.F.G.

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