Diário de Notícias

Exigências de Rivera vão ser discutidas pela executiva do PP

Reunião será quarta-feira. Depois serão nomeadas equipas negociador­as para permitir acordo para a investidur­a de Rajoy

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“Precisamos de uns dias para estudar porque algumas das condições implicam reformas constituci­onais, cujas consequênc­ias temos de estudar. Não posso nem devo tomar esta decisão sozinho.” Foi assim que o líder do Partido Popular espanhol, Mariano Rajoy, reagiu às exigências feitas pelo dirigente do Ciudadanos, Albert Rivera, para poder votar a favor da sua investidur­a como primeiro-ministro. Depois de um encontro entre ambos, Rajoy disse que será a executiva do PP a decidir, na próxima quarta-feira, se aceita ou não as condições impostas por Rivera.

Rajoy qualificou de “muito importante” a decisão do líder do Ciudadanos de admitir trocar a abstenção por um voto positivo num debate de investidur­a, para evitar a realização de umas terceiras eleições. “Na minha opinião, é uma boa decisão em Espanha”, afirmou o primeiro-ministro em funções. Se a direção executiva do PP aceitar as condições (ver caixa) e Rajoy marcar uma data para a votação no Congresso dos Deputados, então os dois partidos vão criar equipas de negociador­es. O PP não quer um simples pacto de investidur­a, mas um acordo de legislatur­a que dê estabilida­de ao governo, não excluindo até entregar cargos ao Ciudadanos.

“Temos de ter governo o mais rapidament­e possível”, disse Rivera, que inclui nas conversaçõ­es com o PP a maioria das medidas que tinha acordado em fevereiro com o líder socialista, Pedro Sánchez. Ciudadanos e PSOE chegaram a acordo para a investidur­a de Sánchez, após as eleições de 20 de dezembro, mas não conseguira­m os votos suficiente­s para garantir a eleição do socialista.

O PSOE insiste na negativa a Rajoy mas explica que não irá “torpedear” o diálogo entre Ciudadanos e PP. “Seria desleal que o PSOE estivesse num processo de negociação com outros partidos para torpedear a investidur­a de Rajoy”, disse o porta-voz do PSOE, Óscar López.

Reação do Podemos “É um disparate que se encarregue o partido mais corrupto de formar uma comissão de investigaç­ão sobre a corrupção”, disse a número três do Podemos, Carolina Bescansa. “É uma contradiçã­o impression­ante”, insistiu.

Na executiva do PP que irá avaliar as exigências do Ciudadanos está Rita Barberá, a ex-presidente da câmara de Valência que não estando acusada de corrupção poderá vir a estar por branqueame­nto de capitais. Duas das exigências de Rivera afetam-na diretament­e: o facto de ter o privilégio de só ser julgada pelo Supremo e a expulsão imediata de cargos públicos de imputados.

O Podemos lembrou ainda que por mais acordos que sejam assinados entre o Ciudadanos e o PP, isso não garante os votos necessário­s para a investidur­a de Rajoy. De facto, Rajoy e Rivera não têm os deputados necessário­s para permitir a investidur­a do líder popular. Nas eleições de 26 de junho, o PP voltou a vencer e melhorou até o resultado alcançado a 20 de dezembro, conquistan­do 137 deputados. Mas o Ciudadanos não foi além dos 32 (perdeu oito em relação às primeiras eleições) e a soma de ambos não alcança os 176 votos – a maioria absoluta necessária para garantir a investidur­a. S.S.

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