The Get Down. Um grito de revolta e o nascimento da cultura do hip hop
Produção que recua à Nova Iorque do final da década de 1970 chega amanhã à Netflix. O realizador Baz Lunhrmann é o visionário de serviço e marca, desta forma, a sua estreia no papel de criador de uma série
Boémia, violência, disco music, rock n’ roll , calças à boca de sino. Assim era Nova Iorque no final da década de 70. No bairro de South Bronx, porém, a revolução artística e cultural tomava um rumo diferente. O rap,o break dance eo graffiti davam os primeiros passos, abrindo caminho para aquela que hoje conhecemos como a cultura do hip hop. Esta é a proposta da série da Netflix The Get Down, que se estreia amanhã.
E foi precisamente em Nova Iorque que o DN falou com Baz Luhrmann, criador e produtor executivo da série. “Já tinha esta ideia na minha cabeça há pelo menos 10 anos. Talvez mais. Sempre fui fascinado por Nova Iorque”, começou por explicar o realizador de filmes como O Grande Gatsby, Moulin Rouge e Romeu e Julieta.
Mais do que contar a história do nascimento da cultura do hip hop, Luhrmann queria saber o que estava por detrás da “explosão de criatividade” presente no Bronx do final daquela época. Criatividade essa que era expressada “não só através da música” mas “também através da pintura”. Ou melhor, dos graffiti. “Uma das personagens escreve o seu nome no comboio. Porquê? Porque sempre que aquela carruagem passa com o seu nome inscrito, ele torna-se alguém”, frisa o criador de The Get Down. Mais do que letras, o graffiti era um grito de revolta e uma marca de identidade.
Porque é que esta parte da história nunca foi contada antes? Lurhmann não tem uma resposta. “Todos olham para o bolo, ou seja, para os anos 1980, mas esquecem-se dos ingredientes [final da década de 70]”, exemplifica. O que é estranho, tendo em conta que a carga histórica entre 1977 e 1979 “é surpreendente”, “não apenas em termos musicais mas também políticos”.
Quem também participa neste projeto é Catherine Martin, mulher de Baz Luhrmann, que assume os papéis de produtora executiva, designer de produção e figurinista. No seu trabalho de pesquisa apercebeu-se não só de que o ambiente no Bronx era marcado pela pobreza, violência e consumo de drogas mas Catherine também realça ao DN que “existia um forte compromisso por parte dos habitantes de ressus- citar” aquele bairro norte-americano “e reconstruí-lo”.
Naquele que é a sua estreia num projeto televisivo, o realizador realça “a liberdade criativa” proporcionada pela Netflix, o que fez que a experiência tenha sido “muito positiva”. E o facto de ser australiano conferiu o “o distanciamento” e a “imparcialidade” necessários.
O realizador também contou com a “preciosa ajuda” de Nelson George, autor de vários livros sobre hip hop, e que em The Get Down assume o papel de supervisor de produção e consultor musical. “Fazer que jovens do século XXI aprendam os movimentos dos anos 70 foi uma odisseia”, conta. Mas o resultado final compensou.
Entre os protagonistas está Justice Smith, filho do ator Will Smith, que interpreta Books, um jovem “sensível” e com uma forte capacidade para criar uma batida e uma estrofe de rap em poucos minutos. Ao DN, o jovem ator considera que a grande mensagem de The Get Down – onde também participa o seu irmão, Jaden – é promover a “irmandade” “a amizade” e mostrar que “vale sempre a pena sonhar”.
A crítica aplaude aquela que é a primeira incursão de Lurhmann nas séries. “Se o primeiro episódio de The Get Down é uma indicação fidedigna do que está para vir, então promete deixar uma impressão duradoura na sua audiência tal como fez o hip hop no mundo”, escreve a revista Vibe. Já o The Hollywood Reporter, elogia o “talento do elenco”, “a abordagem épica” e a forma como o realizador faz passar uma “efervescente alegria de viver”.
Do elenco constam ainda nomes como Shameik Moore, Herizen Guardiola, Skylan Brooks, Tremaine Brown Jr., Jimmy Smits e Giancarlo Esposito, entre outros.
“Todos veem o bolo, os anos 1980. E esquecem os ingredientes: o fim dos 70’s”, diz o
australiano