André com muitos obstáculos a superar
Os escaladores portugueses vão ter de ultrapassar muitos obstáculos se quiserem marcar presença nos Jogos da capital japonesa, dentro de quatro anos. André Neres é aquele que está mais bem posicionado para cumprir esse desígnio, embora ainda existam dúvidas sobre a forma como serão apurados os 20 participantes. “Nesta altura tenho 30 anos. Não é impossível, mas pode haver condicionantes”, explica o escalador ao DN.
A primeira prende-se com o impasse federativo que assola a modalidade. Há um diferendo entre a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (que recebe verbas governamentais, mas não é reconhecida internacionalmente) e a Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada (criada mais recentemente e, embora sem apoios, já reconhecida pela entidade que organizará o evento de Tóquio). “Este problema terá de ser resolvido se quisermos estar lá. O ideal seria fundirem-se, aproveitado o melhor de cada uma”, argumenta André Neres.
Depois, é preciso investimento. “Se houver um projeto de quatro anos, estou motivado para me envolver e dar tudo por esse objetivo”, assume o mais cotado dos escaladores nacionais, que nesta altura não ganha “dinheiro nenhum” com os seus resultados na modalidade. Mas não é isso que o demove. “Se nada se alterar, é praticamente impossível. Caso as coisas melhorem, passe a haver um selecionador, estágios e fundos para disputarmos algumas competições, aí sim, podemos sonhar. Não me sinto inferior a nenhum atleta. Simplesmente não tenho as mesmas condições que eles”, atira.