OM Pharma investe dez milhões em nova fábrica
Empresa de Alfragide vai exportar novo medicamento para todo o mundo. Criados 20 empregos “altamente qualificados”
É um investimento de dez milhões de euros que amanhã dá o primeiro passo, com o arranque da construção da nova fábrica da OM Pharma para a produção de um medicamento para o tratamento da hipercaliemia (excesso de potássio no sangue), que será exportado para todo o mundo. Os Estados Unidos são a única exceção.
Para trazer para Portugal a nova fábrica, que vai criar 20 novos postos de trabalho altamente qualificados, a OM Pharma teve de concorrer com outras unidades do grupo Vifor Pharma, a divisão farmacêutica do grupo Galenica, do qual faz parte desde 2009. “Portugal concorreu a nível internacional com países com Alemanha, Áustria e Suíça, mas a combinação de fatores relacionados com o perfil específico da empresa e de Portugal pesou na decisão final”, afirma António Jordão, diretor-geral da OM Pharma Portugal e responsável pela região do Sul da Europa, liderando, além de Portugal, Espanha, Itália e Roménia.
E que perfil é esse? “Depois de anos de investigação que resultaram neste medicamento (criado pela Relypsa), a sua produção fora dos Estados Unidos exigia simultaneamente habilidade para absorver a transferência de conhecimento e capacidade para aplicar tecnologia de ponta no contexto empresarial local”, justifica o responsável. “Portugal tinha essas características, com a vantagem de contar com mão-de-obra disponível altamente qualificada.”
A nova unidade de produção ficará instalada em Alfragide, na zona da Amadora, onde já existe uma fábrica da OM Pharma em atividade e onde trabalham 120 pessoas, produzindo medicamentos para 65 países. Há 60 anos no mercado português, a farmacêutica atua essencialmente nas áreas de infeções respiratórias, urinárias, ferro oral, antiflatulentos e ferro IV, exportando 60% da sua produção – medicamentos como o Aero-OM (gotas para cólicas de bebés, por exemplo) – para mais de seis dezenas de mercados. México, Moçambique, Itália, Bulgária, Chipre, Hungria, Angola, Cabo Verde, Brasil e Polónia são alguns dos principais.
“A produção deste novo medicamento – a hipercaliemia afeta sobretudo pacientes renais e cardíacos – vai permitir consolidar a nossa presença no mercado global, mantendo o nosso perfil de liderança nos mercados nos quais competimos.”
A nova fábrica terá uma área total de 3900 m2, com capacidade para produzir mais de 40 milhões de saquetas/carteiras por ano. “Uma capacidade que só deve ser ultrapassada nas décadas subsequentes à sua implementação”, frisa António Jordão.
A primeira pedra será lançada na segunda-feira, na presença de Adalberto Campos Fernandes, ministro da Saúde, e de João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria, mas o arranque da produção só está previsto para 2019, depois de obtidas as aprovações junto dos organismos reguladores europeus.
Nos EUA, a Food and Drug Administration (FDA) já aprovou a comercialização deste medicamento – o primeiro tratamento para pessoas com elevados níveis de potássio no sangue aprovado pelo regulador americano em 50 anos – , mas este mercado está fora dos destinos de exportação da nova fábrica.
“No contexto da estratégia empresarial não faz sentido exportar para os EUA, uma vez que com a aquisição da Relypsa (a empresa biofarmacêutica responsável pela criação deste novo medicamento) foi possível adquirir também o posicionamento consolidado desta empresa no mercado norte-americano”, justifica António Jordão. A compra da Relypsa por 1,53 mil milhões de dólares, 1,4 mil milhões de euros, ficou fechada em setembro. A estratégia de abordagem do mercado já está definida. “Inicialmente, o principal destino da produção será a União Europeia e depois, numa segunda fase, para todo o mundo.”
O diretor-geral da OM Pharma não arrisca uma previsão sobre o impacto que a produção deste novo medicamento poderá ter na faturação da empresa, que no ano passado vendeu mais de 18 milhões de caixas de medicamentos, gerando um volume de 22, milhões de euros de receitas (ver caixa).
“O facto de ainda não ter sido aprovado pelas instituições europeias faz que não exista uma estimativa sobre os preços de venda do produto final”, justifica. “O valor da faturação só poderá ser calculado no próximo ano, uma vez que dependerá do preço de venda do medicamento a ser aprovado pela UE em 2017.”
“Portugal tinha a vantagem de contar com mão-de-obra altamente qualificada ANTÓNIO JORDÃO DIRETOR GERAL OM PHARMA