Rajoy enfrenta luta de mulheres no PP antes de formar governo
Vice-primeira-ministra, Soraya Sáenz de Santamaría, e secretária-geral do partido, María Dolores de Cospedal, em guerra
HELENA TECEDEIRO São ambas próximas de Mariano Rajoy e ambas têm influência sobre o primeiro-ministro espanhol. Agora, com a perspetiva de o líder do Partido Popular poder finalmente formar governo, graças à abstenção do PSOE, a vice-primeira-ministra, Soraya Sáenz de Santamaría, e a secretária-geral dos populares, María Dolores de Cospedal, estão em guerra aberta. O objetivo das duas mulheres mais poderosas do PP é ver qual delas consegue mais poder no próximo executivo. Uma dor de cabeça e um desafio para Rajoy.
A partir de amanhã, o rei FelipeVI vai voltar a ouvir os partidos em audiências e espera-se que no final desta ronda volte a convidar Rajoy a formar governo. Já sem Pedro Sánchez como líder, o PSOE e a comissão gestora liderada por Javier Fernández prepara-se para se abster na segunda votação da investidura de Rajoy. A decisão final deve ser tomada hoje pelo Comité Federal. Uma das opções em cima da mesa seria a chamada “abstenção técnica”, de 11 deputados, o que daria a Rajoy mais votos favoráveis do que desfavoráveis, permitindo a investidura. Mas segundo o El País, Fernández defende a abstenção em bloco.
Rajoy já garantiu que irá adequar o discurso à nova situação política. Mas perante uma legislatura que se avizinha difícil – o PP terá 137 deputados (longe dos 176 da maioria absoluta) e ficará nas mãos dos socialistas –, o primeiro-ministro tem ainda de lidar com a divisão dentro do próprio partido. A luta entre Santamaría e Cospedal é antiga, mas agora, com a perspetiva de novo governo, ambas estão empenhadas em manter o poder, travar a rival e colocar pessoas da sua confiança nos principais lugares da equipa.
A legislatura que agora deve terminar ficou marcada por divisões no executivo e até por críticas entre ministros. Uma das dúvidas agora é qual o futuro para Cospedal. A secretária-geral do PP tem sido falada para ministra do Interior, mas fontes do partido disseram ao El Mundo que a sua entrada no governo será muito difícil. Rajoy estará antes a pensar nela para a presidência do Congresso dos Deputados. Um cargo que desagradaria a Cospedal, desejosa de ocupar um lugar com “peso político”. Vice-primeira-ministra seria o seu objetivo, mas esse cargo está ocupado por Santamaría, que parece de pedra e cal. Uma das suas reivindicações é continuar como porta-voz do governo, um cargo que os críticos a acusam de usar para promoção pessoal.
Com cada vez mais apelos a renovar o partido, resta ver como Rajoy vai gerir esta guerra de mulheres.