Smith dá suspense ao título e pressiona John John
Surf. Havaiano pode sagrar-se hoje campeão em Peniche. Mas tem de vencer Andino e esperar por Jordy Smith, que ontem teve nota 10
Hoje pode ser um dia histórico para o surf em Portugal, com John John Florence a festejar o título mundial em Peniche. Mas para isso acontecer o havaiano tem de vencer a prova ou chegar à final do Meo Rip Curl Pro sem ter Jordy Smith como adversário. A etapa portuguesa nunca coroou um campeão e John John procura o primeiro título – apurou-se para as meias-finais, tal como Andino, Coffin e Jordy Smith, que ontem foi rei e senhor dos Supertubos.
Quando a seguir ao almoço o comissário Travis Logie decidiu fazer o call (ordem para competir), numa altura em que quase não havia ondas, poucos esperavam que se completassem os quartos de final, após os fracos heats matinais do round 5. Mas os famosos Supertubos não deixaram o comissário ficar mal.
John John brilhou com uma das melhores ondas do dia (9,30) e mandou para casa o australiano Julian Wilson, o vencedor da etapa portuguesa em 2012. O havaiano arrancou aplausos e mostrou que quer fazer a festa antes da última etapa, em casa, no Havai. E pode fazê-lo, depois da eliminação de Medina eWilkinson (ambos contra Jeremy Flores), se Kolohe Andino, com quem vai disputar a meia-final, o permitir. O californiano está em grande forma, tendo até surfado a segunda onda com a nota mais alta do dia (9,67) e eliminado o campeão Adriano de Souza.
Mas o rei de Supertubos foi... Jordy Smith. O sul-africano esteve em apuros frente a Sebastian Zietz, mas quando já se temia a eliminação fez um tubo de 7,4, seguido de uma onda perfeita com a saída de braços no ar, à espera da nota máxima (10), que não demorou a sair. Conseguiu a melhor onda e a melhor pontuação do dia (17,4), além de manter a pressão sobre John John e alimentar o suspense do título. Nas meias-finais vai enfrentar Conner Coffin, que eliminou Miguel Pupo. O amigo e sócio português Jordy Smith tem uma ligação especial a Portugal desde os 14 anos. “Ele é uma pessoa afável, que adora Portugal e vê-se como ele está feliz e como é bem tratado”, revelou ao DN Pedro Gonçalves, um português que um dia entregou uma prancha ao surfista e daí nasceu uma amizade. “Eu trabalhava como distribuidor da Al Merrick, uma marca que atualmente o patrocina e mandaram-me oferecer-lhe uma prancha. Fiquei a saber que o pai dele também era shaper e assunto não faltou. A partir daí foi uma amizade em crescendo. Hoje tenho negócios com ele e o pai em Portugal e na Europa, ligados ao surf. Temos uma loja de pranchas em Carcavelos”, contou ao DN o sócio do sul-africano, confesso adepto do Benfica.
A paixão pelo futebol quase o roubava ao surf, mas o pai impediu. “Ele teve um convite de um clube estrangeiro, mas o pai disse que não e foi assim que ele se tornou surfista”, contou Pedro, explicando que “mal soube da paixão pelo futebol” levou-o ao Estádio da Luz: “Fomos ver um jogo do meu Benfica, frente ao Everton (5-0), e a partir daí ficou apaixonado pelo clube. Nunca tinha visto um jogo com tantos golos.”
E como é Jordy Smith? “Uma pessoa muito humana, de origens humildes. Já tem o estigma de ser um ícone do surf, foi vice-campeão mundial [2010]. Está num duelo bonito com John John e se ganhar em Portugal tem hipóteses de ser campeão, o que seria fantástico”, confessou o português, lembrando que Smith gosta de dar uma escapadela a Portugal: “Ele tem uma amizade muito grande com o Tiago Pires, o nosso Eusébio do surf,e já viajaram várias vezes juntos.”