NELSON ÉVORA GANHA OURO E JÁ SOMA SETE MEDALHAS
Português saltou 17,20 metros para garantir a medalha de ouro no triplo salto dos Europeus de pista coberta, em Belgrado
Depois da prata para Patrícia Mamona, o ouro para Nelson Évora. Os Europeus de pista coberta terminaram com o hino português a entoar em Belgrado, na Sérvia, graças a uma sensacional prestação do atleta do Sporting, que ontem voltou a sagrar-se campeão europeu na prova de triplo salto.
Aos 32 anos, Nelson Évora mostrou que ainda tem asas para voar até às medalhas em grandes competições internacionais, mesmo depois de enfrentar algumas lesões de enorme gravidade, que afetaram o seu percurso desportivo ao longo dos últimos anos.
Em Belgrado, a concorrência não teve pernas (nem asas) para Évora, que venceu a prova com a marca de 17,20 metros, o seu melhor registo da temporada. Um salto quase irrepreensível, ao terceiro ensaio, em que o português aproveitou uma chamada a roçar a perfeição para se isolar na liderança, que viria a conservar até final.
A prata foi para o veterano italiano Fabrizio Donato (17,13 metros), de 40 anos, enquanto o bronze acabou nas mãos do alemão Max Hess (17,12 metros), vice-campeão mundial de pista coberta em 2016 e vinte anos mais novo, além de principal favorito, depois de ter saltado 17,52 metros – melhor marca do ano – na qualificação.
“Estou muito contente. Foi uma competição muito estratégica, mas com um sabor especial. Competi contra uma nova geração de atletas muito bons, por isso foi uma prova muito forte. Mas quem está comigo todos os dias sabe que o resultado só poderia ser este”, contou ao DN Nelson Évora. “O salto surgiu numa altura crucial em termos táticos. Queria passar a ser o último a saltar para poder pressionar e controlar melhor os meus adversários. Mas sempre acreditei que ainda teria de saltar mais”, explicou ainda à RTP o medalhado, prometendo “mais alegrias” nos Mundiais de agosto. “Isto é só o primeiro passo”, vincou. Ano de mudanças No final da última época, Évora colocou um ponto final na relação de 25 anos com o seu treinador de sempre, João Ganço. Decidiu então mudar-se para Espanha e passar a trabalhar sob o comando do cubano Iván Pedroso, lenda do triplo salto que foi o seu ídolo de infância. Esta nova parceria começa agora a dar os primeiros frutos, depois do título nacional de pista coberta, conquistado em fevereiro.
A mudança gerou bastante polémica, pois envolveu também uma troca de clubes. Nelson Évora assinou pelo Sporting e deixou o rival Benfica, emblema que tinha representado nos doze anos anteriores, a reclamar mais um ano de contrato. Uma questão que ainda poderá vir a conhecer novos desenvolvimentos em tribunal.
Tentando manter-se alheio a essa celeuma, Nelson Évora continuou a preparar-se para voltar aos grandes resultados. O sexto lugar obtido nos Jogos Olímpicos do Rio, em que foi o melhor europeu, já tinha tido sabor a vitória, tantas foram as dificuldades físicas que teve de ultrapassar ao longo do ano. Mas um novo momento de glória estava reservado para o dia de ontem.
Évora revalidou o êxito de 2015, em Praga, celebrando novo título europeu em pista coberta. E juntou mais uma conquista ao seu medalheiro em provas deste calibre, aumentando para sete o seu impressionante pecúlio. A estas duas há que juntar o título mundial de 2007 e o ouro olímpico de 2008, bem como a prata nos Mundiais de 2009, o bronze nos Mundiais de 2015 e nos Mundiais de pista coberta, em 2008. Melhor prestação de sempre Luís Figueiredo, vice-presidente da Federação Portuguesa de Atletismo e chefe da comitiva nacional, teceu elogios à prestação portuguesa. “De acordo com a pontuação alcançada, foi a melhor participação de Portugal em Europeus. Tivemos toda a gente a superar-se e a estabelecer máximos pessoais e até um recorde nacional [Tsanko Arnaudov, no peso]”, referiu à Agência Lusa. Recorde-se que, no sábado, Patrícia Mamona já tinha conquistado a medalha de prata no triplo salto.