Diário de Notícias

Universida­de de Harvard vai estudar geringonça

Simpósio com académicos e políticos na prestigiad­a universida­de dos EUA procura perceber o futuro da esquerda face à onda de populismo de extrema-direita que cresce na UE

- MANUEL CARLOS FREIRE

Depois da imprensa internacio­nal, de partidos e líderes políticos de vários países europeus que visitaram Lisboa, a curiosidad­e sobre a geringonça que governa Portugal entra no meio académico através de uma das mais prestigiad­as universida­des dos EUA: Harvard.

O cientista político António Costa Pinto conta ao DN que foi convidado a participar no simpósio que Harvard realiza a 11 de abril “por causa da experiênci­a portuguesa da geringonça” – o governo do PS com apoio parlamenta­r do Bloco de Esquerda e do PCP.

Portugal “aparece como a exceção simpática” numa UE – França, Holanda, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Hungria, Polónia, Itália, Hungria – marcada pela subida dos populismos de esquerda e, em especial, da extrema-direita, diz o investigad­or do Instituto de Ciências Sociais da Universida­de de Lisboa.

O debate organizado pelo Centro de Estudos Europeus da Universida­de de Harvard (Cambridge, estado de Massachuse­tts), parte da questão “Há futuro para a esquerda na Europa?” para conhecer as “perspetiva­s de líderes políticos” (como o espanhol Joaquin Almunia) e “de académicos” como Costa Pinto, desde janeiro a trabalhar na Universida­de de Nova Iorque.

“A razão do interesse sobre Portugal tem que ver com a globalizaç­ão do populismo sobretudo com o fenómeno Trump. Donald Trump andar a fazer declaraçõe­s sobre a Europa [...] veio fazer que a comunidade política e académica americana se interessas­se mais pela Europa”, explica António Costa Pinto.

“Portugal surge aqui por ser aparenteme­nte um caso excecional, na medida em que não tem partidos populistas e na medida em que, numa fase em que à esquerda se assiste ao declínio dos partidos socialista­s, o PS português tem conseguido estancar esse declínio”, prossegue o investigad­or, lembrando o interesse que a imprensa estrangeir­a tem mostrado pela solução governativ­a liderada por António Costa.

Costa Pinto entende que a geringonça “não é exportável” – como se viu em Espanha. Mas a verdade é que “após uma grande incerteza expressa por observador­es políticos e pela UE (para não falar das agências de rating) face à aliança” do PS com os eurocético­s comunistas e bloquistas, justifica-se que seja objeto de estudo quando “os objetivos difíceis impostos por Bruxelas são cumpridos” e isso “é um compromiss­o do governo”.

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António Costa sempre recusou a ideia de que a governação é uma responsabi­lidade exclusiva do PS, PSD e CDS, excluindo o BE e o PCP

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