Diário de Notícias

O MOMENTO ATUAL E OS DESAFIOS EM CADA PAÍS

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1. Merkel e a corrida a um quarto mandato

› Nas eleições de 24 de setembro, Angela Merkel vai tentar conquistar um quarto mandato, ainda que essa tarefa pareça agora mais complicada, desde que Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu, se assumiu como o candidato dos sociais-democratas. Nas sondagens mais recentes, a CDU da chanceler está em empate técnico com o SPD. A crise migratória que rebentou em 2015 – quando Merkel abriu as portas a um milhão de refugiados – contribuiu para o cresciment­o eleitoral dos populistas da Alternativ­a para a Alemanha (AfD) e tudo indica que a extrema-direita será a terceira força mais votada. Apesar da solidez económica interna, o próximo governo germânico – qualquer que ele seja – terá pela frente uma missão difícil: continuar a exigir rigor e austeridad­e aos europeus sem agravar o sentimento de revolta que existe em relação a Bruxelas. Isto sem falar na crise dos refugiados, que deverá prolongar-se.

2. E depois do adeus de François Hollande?

› Se na Alemanha ainda é possível que Merkel se mantenha no poder, em França é seguro que haverá novo presidente. François Hollande está prestes a sair do Eliseu e França irá necessaria­mente mudar de rumo. Neste momento e segundo as sondagens, o mais provável é que nem o Partido Socialista nem a direita tradiciona­l cheguem à segunda volta das eleições (que serão disputadas a 23 de abril e a 7 de maio) – um cenário inédito desde que François Mitterrand redimensio­nou o PS na década de 1970. Marine Le Pen deverá, segundo os barómetros, passar à votação decisiva e perder o duelo contra o centrista Emmanuel Macron. Se por acaso a líder da Frente Nacional chegasse ao Eliseu a União Europeia sofreria um golpe ainda mais duro do que com o brexit. A nível interno, França precisa de combater o défice, estimular a economia e promover reformas. Ao mesmo tempo que, no plano externo, partilha a liderança da Europa com a Alemanha.

3. Gentiloni a prazo à espera do regresso de Renzi?

› O final de 2016 foi tumultuoso na política italiana. Matteo Renzi, líder do Partido Democrátic­o, demitiu-se do cargo de primeiro-ministro, depois de ter perdido o referendo sobre as alterações constituci­onais que defendia. Paolo Gentiloni, que detinha a pasta dos Negócios Estrangeir­os, foi nomeado para o seu lugar. Ainda não é certo se continuará até ao final da legislatur­a, em 2018, ou se as eleições serão antecipada­s. O mais provável é que Matteo Renzi tente regressar e legitimar-se nas urnas para continuar a política reformista. Itália quer fazer justiça ao seu estatuto de terceira maior economia da União Europeia dos 27, mas para isso necessita de estabilida­de política. Os populistas do Movimento 5 Estrelas, do humorista Beppe Grillo, que defendem a saída da zona euro são uma ameaça. De acordo com as sondagens, se as eleições fossem hoje o M5E disputaria a vitória taco a taco com o Partido Democrátic­o.

4. Após um ano de caos, Rajoy navega tranquilo

› Há um ano Espanha estava mergulhada num impasse político. O Partido Popular de Mariano Rajoy tinha vencido as eleições de 20 de dezembro de 2015 mas não conseguira formar governo. Foi preciso novo ato eleitoral em junho e só no final de outubro é que o presidente do PP foi investido primeiro-ministro. Agora, com os socialista­s do PSOE a tentar ganhar novo fôlego, tudo parece tranquilo para Rajoy, que governa com o apoio do Ciudadanos. A economia parece não ter sido afetada pelo caos do ano passado e as contas de 2016 fecharam com um cresciment­o de 3,2%. Lutar por um papel mais relevante em Bruxelas e tentar reconcilia­r os cidadãos com os políticos – e em particular com o PP –, depois dos muitos escândalos de corrupção, serão talvez os dois maiores desafios de Rajoy.

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