Diário de Notícias

“Ninguém pode impedir-me de ser candidato”, diz Fillon

Nova sondagem mostra que, com Alain Juppé na corrida, Macron seria eliminado na primeira volta das presidenci­ais

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“Claro que não”, respondeu François Fillon quando Laurent Delahousse, pivô da France 2, lhe perguntou se iria desistir da corrida às presidenci­ais. “Ninguém pode impedir-me de ser candidato”, acrescento­u. Má notícia para Os Republican­os. Não eram estas as palavras que a cúpula do partido gostaria de ter ouvido. Minutos antes de o candidato entrar no estúdio para ser entrevista­do no noticiário da noite, Christian Estrosi, presidente da região Provence-Alpes-Côte d’Azur, disse à agência AFP que ele e outros dois importante­s dirigentes republican­os – Valérie Pécresse e Xavier Bertrand – querem encontrar-se com Fillon para o convencer a uma “saída honrosa”.

Segundo François Fillon, foram 200 mil os apoiantes – a imprensa e a polícia falam em mais de 35 mil – que ontem se reuniram em Paris para ouvir as palavras do candidato presidenci­al. “Eles pensam que estou só. Eles querem que esteja só. Será que estamos sós?”, questionou Fillon no início do comício. Olhando para as movimentaç­ões dentro d’Os Republican­os, sim, Fillon é um homem cada vez mais isolado.

A comissão política do partido irá reunir-se hoje às 17.00 (hora de Lisboa) para “avaliar a situação”. As pressões para que Fillon se afaste e ceda o lugar a Alain Juppé, derrotado nas primárias da direita, são feitas cada vez mais à luz do dia. O ex-presidente Nicolas Sarkozy terá tido uma longa conversa com Juppé na noite de sábado. De acordo com a Reuters, Juppé terá explicado as condições para que aceite ser candidato. “A primeira é o aval do próprio Fillon e a segunda é que sinta o apoio de todos, sem que haja agendas escondidas”, relata Jean Leonetti, deputado republican­o.

Depois da entrevista de Fillon na France 2, Juppé escreveu no Twitter que fará hoje uma declaração às 09.30 (hora de Lisboa).

No entanto, Fillon continua a garantir que não irá desistir. No comício de ontem, além de criticar o consulado de François Hollande, o candidato classifico­u como “injustos” e “revoltante­s” os ataques de que tem sido alvo. Em causa estão os empregos alegadamen­te fictícios da sua mulher e dos seus filhos. “Devo-vos um pedido de desculpas”, sublinhou Fillon. “Cometi um erro ao pedir à minha mulher para trabalhar para mim. Não o devia ter feito. Cometi outro erro na maneira como vos falei deste caso. Quando somos profundame­nte honestos é difícil fazer face a uma campanha destas.”

Desde que o escândalo dos empregos familiares veio a público, Fillon caiu nas sondagens. Ontem, um novo estudo da empresa Kantar Sofres para o Le Figaro mostra o porquê de o partido querer Juppé como candidato. Fillon conseguiri­a apenas 17% no combate contra Emmanuel Macron (25%) e Marine Le Pen (26%). Já com Alain Juppé o cenário seria totalmente distinto. A líder da Frente Nacional continuari­a como a mais votada (27%), mas Juppé (24,5%) passaria à segunda volta. Pelo caminho ficaria Macron (20%).

Há uma pergunta que continua, apesar de tudo, a fazer sentido: Até quando irá resistir François Fillon? Até ao fim? Ou até amanhã?

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François Fillon ontem em Paris

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