Após fazer história nos Óscares, Viola Davis regressa à televisão
A primeira afro-americana a somar um Óscar, um Emmy e um Tony no currículo volta terça-feira com a terceira temporada de Como Defender Um Assassino, que traz novidades
E a vencedora é... (suspense). O seu nome foi finalmente anunciado, ao fim de três nomeações. Viola Davis subiu ao palco, na passado domingo, aceitou o Óscar de melhor atriz secundária, discursou com lágrimas nos olhos, emocionou quem a ouviu, quem a viu, e, acima de tudo, fez história. Tornou-se, nesse preciso momento, na primeira afro-americana a deter os três galardões de ouro de Hollywood – Tony, Emmy e Óscar.
“Tornei-me artista e graças a Deus que o fiz, porque esta é a única profissão que celebra o significado de viver uma vida.” Esta foi, talvez, uma das frases mais impactantes da noite, que lhe valeu uma ovação em pé – em especial, daqueles com quem contracenou no filme Vedações , como Denzel Washington – e vénias vindas de todos os recantos da indústria.
Esta é a mesma mulher que, há cerca de três anos, aceitou o projeto que viria mudar a sua vida. Na altura, Como Defender Um Assassino podia parecer apenas mais uma série de advogados. Mas para Davis não o foi. Shonda Rhimes estava no comando. “Esta é a primeira vez que me sinto uma mulher completa”, chegou a confessar Viola, numa entrevista obtida pelo DN, um ano após assumir o papel da professora de Direito Criminal Annalise Keating, a protagonista desta trama que regressa já esta terça-feira a Portugal, com a estreia da terceira temporada da série, no canal AXN, pelas 23.10.
“Vai ser apresentado um novo mistério, muito rapidamente, logo no primeiro episódio. Um mistério que, por sinal, nós [elenco] não conseguimos desvendar enquanto gravávamos. No ano passado, conseguimos, mas este ano estamos completamente perplexos”, revelou a atriz de 51 anos, numa entrevista ao site de entretenimento Deadline. Mas há mais novidades nesta terceira leva de episódios da série dramática. “Vamos explorar as relações entre personagens de forma muito mais profunda”, acrescentou a atriz.
“É verdade”, corrobora ao mesmo site Pete Nowalk, o criador da trama que, logo no arranque da segunda temporada, obteve a sua maior audiência de sempre – uma média de cinco milhões e meio de espectadores nos EUA.“Vamos mostrar coisas que nunca revelámos antes. Vamos visitar alguns espaços obscuros do ponto de vista emocional. Uma das coisas que faremos é avançar um pouco no tempo para o segundo ano escolar, saltando o verão. Há um recomeço emocional das nossas personagens, que ganham alguma distância em relação à agitação e ao drama das primeiras duas temporadas”, reforçou Nowalk.
É verdade que o mistério e o suspense são ingredientes fundamentais na série produzida por Rhimes, mas há algo que também está sempre presente: uma boa dose de romance. “Vai ser uma temporada repleta de desejos românticos. Posso revelar que um dos estudantes [de Annalise Keating] terá uma nova paixão. Não digo quem será, mas ficarão a saber logo na estreia”, assegurou ainda Pete Nowalk. Série que muda mentalidades O papel de Viola Davis em Como Defender Um Assassino – aliado à tripla vitória que acaba de conquistar – coloca-a não só num patamar privilegiado em Hollywood, como a impulsiona numa das suas principais missões de vida: erradicar as desigualdades – de raça e de género, essencialmente – na indústria que a acolhe. “Se há algo que a Shondaland [universo de séries de Shonda Rhimes, que inclui ainda Anatomia de Grey e Scandal, entre outras] faz bem, é destacar mulheres negras para os papéis principais. As afro-americanas não recebem nem metade daquilo que é pago às caucasianas. Precisamos de ser reconhecidas. Acho que a televisão está a começar a perceber isso”, elogiou a atriz, que já caminha para os 30 anos de carreira.
É também graças a ela, e à sua implacável Annalise, que “300 milhões de espectadores em 67 países” seguem, de perto, as criações de Shonda Rhimes. “Vocês passam mais tempo com as minhas personagens do que com a vossa família. Elas têm esperança, vocês têm esperança. Elas sonham, vocês sonham. Elas fracassam, vocês fracassam. Isso tem um peso de responsabilidade e eu levo-a muito a sério. As palavras têm poder. A televisão tem poder. A minha caneta tem poder”, frisou Shonda Rhimes, num discurso na gala dos International Emmy Awards.
E reforçou a posição de Viola Davis. “As pessoas de raça negra, a comunidade LGBT [lésbicas, gay, bissexual ou transgénero], os imigrantes, os muçulmanos, as pessoas com deficiências... Todos têm medo de que as suas vozes deixem de ser ouvidas e todos acreditam que estão a ser silenciados. Por isso, dou por mim a pensar em quão grande a televisão se tornou e em como é o mais poderoso meio de comunicação no mundo”, concluiu Rhimes.