Diário de Notícias

Após fazer história nos Óscares, Viola Davis regressa à televisão

A primeira afro-americana a somar um Óscar, um Emmy e um Tony no currículo volta terça-feira com a terceira temporada de Como Defender Um Assassino, que traz novidades

- CAROLINA MORAIS

E a vencedora é... (suspense). O seu nome foi finalmente anunciado, ao fim de três nomeações. Viola Davis subiu ao palco, na passado domingo, aceitou o Óscar de melhor atriz secundária, discursou com lágrimas nos olhos, emocionou quem a ouviu, quem a viu, e, acima de tudo, fez história. Tornou-se, nesse preciso momento, na primeira afro-americana a deter os três galardões de ouro de Hollywood – Tony, Emmy e Óscar.

“Tornei-me artista e graças a Deus que o fiz, porque esta é a única profissão que celebra o significad­o de viver uma vida.” Esta foi, talvez, uma das frases mais impactante­s da noite, que lhe valeu uma ovação em pé – em especial, daqueles com quem contraceno­u no filme Vedações , como Denzel Washington – e vénias vindas de todos os recantos da indústria.

Esta é a mesma mulher que, há cerca de três anos, aceitou o projeto que viria mudar a sua vida. Na altura, Como Defender Um Assassino podia parecer apenas mais uma série de advogados. Mas para Davis não o foi. Shonda Rhimes estava no comando. “Esta é a primeira vez que me sinto uma mulher completa”, chegou a confessar Viola, numa entrevista obtida pelo DN, um ano após assumir o papel da professora de Direito Criminal Annalise Keating, a protagonis­ta desta trama que regressa já esta terça-feira a Portugal, com a estreia da terceira temporada da série, no canal AXN, pelas 23.10.

“Vai ser apresentad­o um novo mistério, muito rapidament­e, logo no primeiro episódio. Um mistério que, por sinal, nós [elenco] não conseguimo­s desvendar enquanto gravávamos. No ano passado, conseguimo­s, mas este ano estamos completame­nte perplexos”, revelou a atriz de 51 anos, numa entrevista ao site de entretenim­ento Deadline. Mas há mais novidades nesta terceira leva de episódios da série dramática. “Vamos explorar as relações entre personagen­s de forma muito mais profunda”, acrescento­u a atriz.

“É verdade”, corrobora ao mesmo site Pete Nowalk, o criador da trama que, logo no arranque da segunda temporada, obteve a sua maior audiência de sempre – uma média de cinco milhões e meio de espectador­es nos EUA.“Vamos mostrar coisas que nunca revelámos antes. Vamos visitar alguns espaços obscuros do ponto de vista emocional. Uma das coisas que faremos é avançar um pouco no tempo para o segundo ano escolar, saltando o verão. Há um recomeço emocional das nossas personagen­s, que ganham alguma distância em relação à agitação e ao drama das primeiras duas temporadas”, reforçou Nowalk.

É verdade que o mistério e o suspense são ingredient­es fundamenta­is na série produzida por Rhimes, mas há algo que também está sempre presente: uma boa dose de romance. “Vai ser uma temporada repleta de desejos românticos. Posso revelar que um dos estudantes [de Annalise Keating] terá uma nova paixão. Não digo quem será, mas ficarão a saber logo na estreia”, assegurou ainda Pete Nowalk. Série que muda mentalidad­es O papel de Viola Davis em Como Defender Um Assassino – aliado à tripla vitória que acaba de conquistar – coloca-a não só num patamar privilegia­do em Hollywood, como a impulsiona numa das suas principais missões de vida: erradicar as desigualda­des – de raça e de género, essencialm­ente – na indústria que a acolhe. “Se há algo que a Shondaland [universo de séries de Shonda Rhimes, que inclui ainda Anatomia de Grey e Scandal, entre outras] faz bem, é destacar mulheres negras para os papéis principais. As afro-americanas não recebem nem metade daquilo que é pago às caucasiana­s. Precisamos de ser reconhecid­as. Acho que a televisão está a começar a perceber isso”, elogiou a atriz, que já caminha para os 30 anos de carreira.

É também graças a ela, e à sua implacável Annalise, que “300 milhões de espectador­es em 67 países” seguem, de perto, as criações de Shonda Rhimes. “Vocês passam mais tempo com as minhas personagen­s do que com a vossa família. Elas têm esperança, vocês têm esperança. Elas sonham, vocês sonham. Elas fracassam, vocês fracassam. Isso tem um peso de responsabi­lidade e eu levo-a muito a sério. As palavras têm poder. A televisão tem poder. A minha caneta tem poder”, frisou Shonda Rhimes, num discurso na gala dos Internatio­nal Emmy Awards.

E reforçou a posição de Viola Davis. “As pessoas de raça negra, a comunidade LGBT [lésbicas, gay, bissexual ou transgéner­o], os imigrantes, os muçulmanos, as pessoas com deficiênci­as... Todos têm medo de que as suas vozes deixem de ser ouvidas e todos acreditam que estão a ser silenciado­s. Por isso, dou por mim a pensar em quão grande a televisão se tornou e em como é o mais poderoso meio de comunicaçã­o no mundo”, concluiu Rhimes.

 ??  ?? Viola Davis (no centro) dá vida à professora de Direito Criminal Annalise Keating, protagonis­ta da série produzida por Shonda Rhimes
Viola Davis (no centro) dá vida à professora de Direito Criminal Annalise Keating, protagonis­ta da série produzida por Shonda Rhimes
 ??  ?? Viola ganhou o Óscar de melhor atriz secundária pelo filme Fences
Viola ganhou o Óscar de melhor atriz secundária pelo filme Fences

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal