Diário de Notícias

Teresa leal a Passos Coelho avança para candidatur­a à Câmara de Lisboa

Concelhia do PSD de Lisboa criticou o processo de escolha da candidata. Número dois de Fernando Seara nas autárquica­s de 2013, a deputada, amiga de longa data de Passos Coelho, assume agora confronto com Medina

- PAULA SÁ e SUSETE FRANCISCO

Teresa Leal Coelho é a escolha do líder do PSD para a corrida à Câmara de Lisboa. Pedro Passos Coelho já comunicou a decisão à Distrital do PSD de Lisboa, que, no próximo domingo, aprovará o nome da cabeça-de-lista do partido à principal autarquia do país. Entre os sociais-democratas a palavra de ordem é agora mostrar união em torno da candidatur­a, mas fontes do partido admitem que, pela forma como decorreu o processo autárquico e pela proximidad­e ao presidente do partido, Leal Coelho surge como uma solução de recurso.

A concelhia de Lisboa, liderada por Mauro Xavier, que sempre se bateu por um candidato do partido à câmara, é que não gostou deste processo e manifestou-se descontent­e com o facto de ter sido posta à margem da escolha. Num post no Facebook, o presidente do PSD Lisboa, Mauro Xavier, escreveu: “Acabei de ver que Passos Coelho deu a indicação do nome do candidato à Câmara Municipal de Lisboa, mas remeteu esse anúncio para a distrital da capital, neste fim de semana. Enquanto presidente do PSD Lisboa, venho demonstrar o meu profundo desagrado com a metodologi­a escolhida e pelo não envolvimen­to da concelhia no processo.”

Mauro Xavier sempre se mostrou crítico dos timings escolhidos pela direção social-democrata para a escolha do candidato à autarquia e foi da sua iniciativa o convite a José Eduardo Martins, visto como um potencial opositor a Passos Coelho, para a elaboração do programa político da candidatur­a do PSD à Câmara de Lisboa.

Apesar do desagrado, o processo vai prosseguir. A distrital aprovará o nome de Teresa Leal Coelho –e o dos cabeças-de-lista a Odivelas, Loures, Mafra e Vila Franca de Xira – no domingo na comissão política e no mesmo dia reunirá a concelhia para se pronunciar sobre os candidatos.

Mauro Xavier antecipa no Facebook que, apesar das divergênci­as, é hora de remarem todos para o mesmo lado. “Não sabendo quem é o candidato, apenas posso desejar os maiores sucessos políticos (...) Este é o tempo do PSD estar unido em torno da sua candidatur­a.” Mas deixa o recado: “Os balanços só devem ser feitos depois dos votos contados. No que depender de mim, no dia das eleições, Passos Coelho estará com o seu candidato na varanda da Praça de Município.”

Pedro Passos Coelho não quis ontem assumir abertament­e que escolheu a vice-presidente no partido para enfrentar o socialista Fernando Medina. “Eu julgo que será uma boa escolha e que permitirá ao PSD ter uma afirmação em Lisboa de acordo com aquilo que é a nossa tradição, ter um projeto para a capital e poder mobilizar as pessoas não apenas para uma campanha mas para um mandato que nós gostaríamo­s que fosse muito diferente daquele que tem existido até aqui”, afirmou à margem de uma visita à Bolsa de Turismo de Lisboa. Quem não resistiu a comentar a ainda não confirmada oficialmen­te candidatur­a de Teresa Leal Coelho foi a líder do CDS, também ela candidata à Câmara de Lisboa. “Pessoalmen­te, tenho a melhor relação com a doutora Teresa Leal Coelho. Acho que ser mulher é bom, sinto-me mais acompanhad­a nessa matéria. Se for essa a escolha do PSD, não sei se é, certamente que é positivo, como será positiva qualquer outra.”

A direção do PSD chegou a equacionar vagamente a possibilid­ade de vir a apoiar a líder do CDS neste desafio. E a própria Assunção Cristas mostrou-se muito favorável a essa possibilid­ade, mas nunca chegaram a avançar conversaçõ­es formais entre os dois partidos.

Uma vereadora discreta

Teresa Leal Coelho, 55 anos, é amiga próxima de Pedro Passos Coelho. Militante social-democrata desde 2005, foi o atual líder que a chamou para a linha da frente do partido. Em 2011 foi eleita deputada (foi número dois pelas listas do Porto), em 2012 sobe à vice-presidênci­a do partido. Nestes anos esteve envolvida em várias polémicas. Foi uma das vozes do PSD mais críticas à atuação dos juízes do Tribunal Constituci­onal no mandato do anterior governo – chegou a defender “sanções jurídicas” àquele tribunal. No início desse mesmo ano foi protagonis­ta de uma polémica interna, afirmando-se contra a proposta de referendo à coadoção apresentad­a pela JSD (que viria a ser aprovada), um episódio que a levaria a apresentar a demissão e a passar da primeira para a quinta fila do hemiciclo. Leal Coelho tem votado favoravelm­ente todas as propostas ditas fraturante­s.

Licenciada em Direito pela Universida­de Livre, constituci­onalista, foi investigad­ora no Instituto de Defesa Nacional, docente na Universida­de Lusíada, administra­dora da SAD do Benfica ao tempo da presidênci­a de Vale e Azevedo. Em 2013 foi número dois da lista encabeçada por Fernando Seara à Câmara de Lisboa e desde então é vereadora sem pelouro na autarquia. Não se fez notar na vida da autarquia e até mesmo entre os sociais-democratas admite-se que “não fez oposição na câmara” ao executivo socialista.

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Nome de Teresa Leal Coelho será aprovado no domingo pela distrital

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