Diário de Notícias

José Magalhães envia livro sobre salários dos políticos à PGR

Antigo parlamenta­r do PS publicou obra em que questiona opacidade e grande disparidad­e remunerató­ria entre os deputados

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MANUEL CARLOS FREIRE ex-deputado José Magalhães (PS) enviou à procurador­a-geral da República, Joana MarquesVid­al, o seu recém-lançado livro sobre as remuneraçõ­es dos políticos e os abusos que são possíveis por falta de mecanismos de controlo.

“Enviei-o também ao presidente da comissão eventual para o reforço da transparên­cia no exercício de funções públicas [Fernando Negrão], como sugestão para o aperfeiçoa­mento dos meios de fiscalizaç­ão das declaraçõe­s de património e rendimento” dos políticos e em particular dos deputados, disse ao DN o antigo secretário de Estado.

No caso de Joana MarquesVid­al e se pretende a abertura de algum inquérito, José Magalhães repetiu que o seu objetivo foi dar conhecimen­to das falhas que diz existirem e “indicar formas de o Ministério Público melhorar os seus meios de controlo dos rendimento­s e património”.

Há que “romper o silêncio” que “alimenta o populismo”, dada a fal- ta de transparên­cia na verificaçã­o de quanto ganham – por fazerem o quê e onde – os políticos, permitindo avaliar e corrigir o necessário.

“Tem de haver mecanismos de verificaçã­o da coincidênc­ia entre os factos e as declaraçõe­s dos deputados”, pois estas “são questões com um impacto terrível na opinião pública”, argumenta o autor de Políticos.pt, guia prático das remuneraçõ­es de altos cargos da República” – no qual divulga pela primeira vez os valores, variáveis, dos subsídios dos deputados (julho de 2016, ver caixa).

Pedro Delgado Alves, deputado do PS, sublinhou que os salários dos políticos integram “um sistema global de remuneraçõ­es de cargos e funções públicas que só no quadro de uma revisão integral pode ser equacionad­o, sob pena de gerar desequilíb­rios e contradiçõ­es”.

No entanto, “existe total abertura para melhorar as prestações de contas [dos deputados] e torná-la mais eficiente”. Daí a importânci­a da comissão eventual para o reforço da transparên­cia ou do grupo de trabalho do Parlamento Digital, em cujos trabalhos poderá “ser vantajosa uma maior clareza e transparên­cia na explicação e decomposiç­ão individual das remuneraçõ­es, cuja fórmula está, de resto, já disponível no site do Parlamento há vários anos”.

Duarte Pacheco, do PSD e secreO tário da Mesa do Parlamento, realçou que o modelo remunerató­rio “pode ser melhorado, como tudo”. Agora, “há situações que vão fazer que haja sempre disparidad­e salarial entre os deputados”, desde logo os diferentes locais de residência e círculos eleitorais de eleição.

O deputado do PSD admitiu haver quem receba subsídio por ir ao círculo eleitoral sem que tal ocorra. “Mas também há quem vá mais do que aquilo que recebe” e, lembra, os parlamenta­res “não têm direito a telemóvel”, pagando as chamadas.

Nuno Magalhães, líder parlamenta­r do CDS, afirmou que o partido “está disponível para discutir o tema”. Agora, acrescento­u, “não me parece que existam condições”.

Com o PCP a dizer que não responde, o líder parlamenta­r do BE lembrou ao DN que “há muito por onde melhorar” na transparên­cia da atividade parlamenta­r através das declaraçõe­s de rendimento­s e património dos deputados. “Defendemos que seja criada uma Entidade da Transparên­cia junto do Tribunal Constituci­onal, que as declaraçõe­s sejam anuais [em vez de no princípio e fim da legislatur­a] e publicitad­as, o exercício de funções em exclusivid­ade... mesmo com o regime atual, há um conjunto de incompatib­ilidades e impediment­os que devem ser apertados”, assinalou Pedro Filipe Soares.

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José Magalhães foi eleito em 1977 para o Parlamento, onde esteve até 2015. Exerceu ainda funções como secretário de Estado
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José Magalhães Aletheia PVP: 14,90
Políticos.pt José Magalhães Aletheia PVP: 14,90

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